sábado, 10 de janeiro de 2015

Libertando o Coração

Lawrence W. Jaffe
Em um dos principais tópicos abordados no livro “Libertando o Coração”, Lawrence W. Jaffe  trata de um tema básico da Psicologia: a projeção. Projetar é ver fora de nós mesmos aquilo que está dentro de nós. Freud e outros psicólogos de primeira grandeza viam na projeção o mais poderoso mecanismo de defesa da personalidade. Desde cedo, em nossas vidas, erigimos essa muralha de defesa e lançamos à clandestinidade partes essenciais de nosso ser. Reconhecer essas projeções e trazê-las de volta a suas origens é uma tarefa que exige muita determinação e é tão grandiosa que o autor a considera uma “obra divina".
                    

Libertando o Coração

O que outrora aceitávamos por uma questão de fé, temos agora de chegar a conhecer pela experiência. Hoje, muitas pessoas não podem mais acreditar em algo somente porque alguma autoridade, por mais respeitável que seja, assim lhes determina. Jung era assim. Quando lhe perguntaram, aos oitenta e um anos, se acreditava em Deus, ele respondeu: “Eu não acredito. Eu sei”. Tendo tido a experiência de Deus, ele não precisava acreditar n’Ele.

Reconhecer e retirar as projeções é obra divina, pois, assim fazendo, estamos descobrindo a nossa consciência e descobrindo quem somos. Como disse Clemente de Alexandria, padre da igreja, “Quando um homem conhece a si mesmo, ele conhece a Deus”. 
Além disso, nós dispensamos as outras pessoas de carregar a pesada carga emocional de nossas percepções errôneas, de nossos erros de julgamento, de identificação e de nossas distorções.

O que acontecerá quando os homens e as mulheres deixarem de projetar tanto uns sobre os outros? Ou melhor, o que será de nós quando começarmos a ver em nós mesmos características antes atribuídas ao outro sexo?

Por que é que eu afirmo que a liderança espiritual transferiu-se agora para a mulher? Porque a mulher forçou corajosamente os homens a deixar de fazer projeções sobre ela.  A mulher, espontaneamente, começa a sacrificar o poder que tinha antes nas mãos, em virtude dessas mesmas projeções. Cabia às mulheres muito poder, por exemplo, advindo do desejo erótico que os homens sentiam por elas. Atualmente, muitas mulheres modernas preferem aplicar suas energias em outras coisas, de preferência a cultivar e explorar seus atrativos “femininos”

A alma é uma personificação do inconsciente, onde jaz o tesouro, a libido imersa na introversão, e alegorizado como reino de Deus. A libido concentrada no inconsciente era anteriormente investida nos objetos, o que fazia o mundo parecer todo-poderoso. Deus estava então do “lado de fora”, mas agora ele age a partir de dentro, tal como o tesouro oculto concebido como reino de Deus. 

Tudo o de que precisamos pode ser encontrado dentro de nós. Eis aí uma verdade a que nós dificilmente nos apegamos, em parte porque na sociedade mais extrovertida do mundo, a América, afirmam-nos constantemente que aquilo de que necessitamos está fora de nós, no shopping center, no salão social da igreja ou na universidade.