sábado, 24 de setembro de 2016

As Polaridades da Vida

Robert Happé
Esse é um mundo de polaridades, e elas precisam ser equilibradas. Equilibrar consiste em nos mantermos nem muito à direita, nem muito à esquerda, mas bem no centro, conscientes do positivo e do negativo. O caminho para adquirir maestria sobre as energias é permanecermos bem no meio das alegrias e dores da vida, no meio do amor e da raiva, da tristeza e do medo. Desse modo, tornamo-nos mestres no campo dessas energias polarizadas.

A energia move-se, continuamente, entre os aspectos positivos e negativos da experiência. Assim, quando ficamos fixados em um pólo, a falta de movimento, por si só, causa muito desconforto. Não é preciso ficar triste por mais de uma fração de segundo, quando percebemos que, onde há tristeza, a alegria também está presente, em função de ambas pertencerem, intrinsecamente, à mesma experiência.

Precisamos ser corajosos o suficiente para entrar profundamente em contato com o aspecto negativo de nossas experiências. Aí, sim, antes que percebamos, somos elevados para a polaridade positiva.

A essência básica de nosso planeta é a polaridade; observe mais atentamente a natureza e perceba as polaridades que regem tudo o que existe. Quando você começa a reconhecer este fato e o aceita dentro de sua própria vida, aí você tem a chance de se movimentar livremente com o fluxo.

É ótimo mover-se através dessas fases de tristeza e alegria e vice-versa. O movimento é fundamental para o nosso desenvolvimento. Esteja disposto a aceitar as polaridades de todas as coisas e, por favor, lembre-se de que você é capaz de lidar com tudo o que estiver acontecendo.

Cada homem é, também, uma mulher e cada mulher é, também, um homem. Essa é outra polaridade que não tem sido bem compreendida. Uma pessoa de fato equilibrada é igualmente masculina e feminina; forte e capaz de ser firme e, ao mesmo tempo, gentil, receptiva e nutridora. Assim, familiarize-se com as energias que são condizentes com o corpo que você ocupa nesse momento e descubra as energias opostas que, também, fazem parte de você.

A maioria das almas, quando escolhe as lições que acompanham o corpo masculino ou feminino, fica com eles por uma série de vidas, até que chegue o momento de adquirir maestria na polaridade oposta. Assim, quando uma alma vai do feminino para o masculino, é muito natural que sinta de forma mais dominante a polaridade feminina dentro de um corpo masculino. Muitos se sentem desconfortáveis e até desejam uma mudança de corpo. O mesmo se aplica para a alma que vem de uma série de encarnações masculinas e passa, em seguida, para uma feminina.

Se houvesse mais clareza no entendimento desse fato, poderíamos ajudar e guiar essas almas, incentivando-as a aceitar a experiência que atraíram, ao invés de julgá-las por não se comportarem de acordo com as expectativas e normas estabelecidas. 

          
Nada vem sozinho. A alegria vem junto com a tristeza, assim como cada moeda tem cara e coroa e cada dia, luz e escuridão. Precisamos compreender essas polaridades e saber que elas se pertencem mutuamente, como o ganho e a perda, o prazer e a dor, pertencem à mesma experiência.

Às vezes nos sentimos com raiva ou ciúme, ou cheios de julgamentos; em vez de reagir, precisamos perceber o que acontece como realmente é – uma polaridade – solicitando-nos que a equilibremos. Mova-se, então, para fora dessas vibrações, usando sua percepção consciente. Essa é a dança das polaridades na nossa existência tridimensional, o passaporte para o infinito de nossas possibilidades.

Quando soltamos a necessidade de controlar e não mais tememos a fusão com todas as polaridades, as dolorosas e as alegres, conscientemente nos tornamos cheios de amor. E, quando sintonizados com o poder do amor, quando nos permitimos ser esse amor, isso é a conquista máxima para cada um de nós.

In: Consciência é a Resposta - Robert Happé

sábado, 3 de setembro de 2016

Krishnamurti

Krishnamurti

Todos os nossos problemas são criados pelo pensamento e a mente é treinada para resolver os problemas com mais pensamento. Assim, o pensamento cria o problema e depois tenta resolvê-lo.

Tudo o que nasce do pensamento é condicionado, produto do tempo e da memória; por conseguinte, não é o real.

Não existe medo de espécie alguma em face do momento real e vivo. Esta é uma coisa extraordinária para você descobrir. O pensamento no que aconteceu ou poderá acontecer é desatenção e a desatenção gera o medo.

Tudo está em você. Em você se encontra o Supremo, o Imenso, se você souber olhar. Devemos olhar essa vida, que é imensa e ilimitada, com olhos que estejam somente a observar.

Para que precisamos de outras pessoas, se o tesouro está todo inteiro dentro de nós mesmos?  O importante é que você mesmo descubra as coisas, a fim de ser livre e não um ente humano de segunda mão.

Para entrardes em relação direta com alguma coisa, não deve existir nenhuma imagem entre vós e a coisa que observais. A imagem é a palavra, a memória do que foi ontem.

A única coisa capaz de operar transformação é a vigilância cotidiana. O que põe fim ao sofrimento é a observação atenta a tudo o que fazeis. O ato de observar produz tremenda energia, enquanto a desatenção é perda de energia.

É dificílimo, neste mundo, a mente ser livre. No momento em que fordes livres, sereis uma ameaça à sociedade, à religião organizada, a todas as coisas malsãs existentes ao redor de vós.

Se tendes em vossa vida a meditação, essa coisa maravilhosa, tendes tudo. Se não há meditação, nenhuma possibilidade temos de ultrapassar os limites do pensamento, da mente, do cérebro.

Eu digo que é possível a mente ficar livre de qualquer condicionamento. Quando digo que é possível é porque isso é um fato para mim.

O conhecerdes a vós mesmo é a mais difícil tarefa que vos podeis atribuir. Podeis ir até à lua, fazer tudo quanto é possível fazer na vida, mas se não vos conhecerdes, sereis uma entidade vazia, embotada.

A observação de vós mesmo é de absoluta necessidade. O mal é a total falta de autoconhecimento. Conhecer a si próprio é pôr fim ao sofrimento.

Se o corpo sente dor, prestai atenção a essa dor, observai-a. Não deixeis o pensamento interferir nela. Quando vos vedes diretamente em presença de alguma coisa, não há medo. Só quando surge o pensamento é que há medo.

Uma das coisas mais difíceis é olhar, observar. Olhar uma coisa sem nenhuma imagem dessa coisa. A imagem cria distância entre o observador e a coisa observada e nessa distância acha-se todo o conflito humano.

A morte deve ser um fato extraordinário. Assim como é a vida, com sua exuberância, sua riqueza, sua variedade e plenitude, assim deve ser a morte. Mas, para compreender tão vasta questão, a mente deve estar livre do temor.