sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

A Cura pela Meditação

Cristina Cairo
Cristina Cairo sofria de um grave desvio de vértebras que lhe ocasionava muitas dores. Como ela relata, “Um dia as dores estavam tão insuportáveis que caí de joelhos em pranto e implorei a Deus que acabasse com aquele sofrimento e que, com suas mãos, tirasse toda a dor que nenhum medicamento conseguia sanar”. Ela foi curada e hoje dedica sua vida a ministrar cursos e proferir palestras, com ênfase na prática da Meditação.

A Cura pela Meditação

Em minha grande jornada de palestras e cursos, pude perceber a dificuldade que muitas pessoas têm de entender ou aceitar o caminho da meditação para a solução dos seus problemas. Compreendo essa resistência, porque já estive nessa mesma posição tempos atrás.

Hoje, quando menciono em minhas palestras a importância da busca interior para a solução dos problemas, percebo no rosto de algumas pessoas a mesma indignação que senti no passado.

Após tantas buscas, tropeços e sofrimentos, a vida lançou-me nos braços do meu interior. Mas antes que isso ocorresse, esgotei todos os caminhos que percorri e só encontrava resultados temporários. Quando pensava ter achado a resposta para as minhas dores físicas, morais e espirituais, tudo voltava a ser como antes.

Encontrei até quem me dissesse que as respostas já estavam dentro de mim, mas já que eu não sabia como falar comigo mesma, continuava no desespero.

Com isso aprendi que, quando a alma amadurece, conseguimos enxergar que as soluções não seguem regras e o inesperado deve ser aceito como resposta.

Todo sofrimento traz um ensinamento e se a pessoa não perceber, será engolida pela dor e pelo desespero. Por isso, resolvi escrever este livro sobre meditação e as leis universais, para mostrar que esse conhecimento tão antigo leva à conscientização e à felicidade.

Querido leitor, para que você comece bem a sua jornada rumo à meditação, saiba que o primeiro passo é aprender a olhar para si mesmo. A solução para os problemas está na sabedoria que reside em nossa essência e, para alcançá-la, precisamos aprender a meditar. Despertar, acordar a consciência e sentir paz de espírito é uma tarefa que ninguém pode fazer por nós.

Olhe para dentro de si e descubra a sua criança, a parte pura e inocente de você mesmo, que precisa ser socorrida. Resgate-a, assim como um pai ou uma mãe que não medem esforços para dar ao filho o que ele precisa, dando até a própria vida.

Medite sem ansiedade e sem desejos e vá retirando os véus da ilusão e do medo, até encontrar o portal da luz. Meditar é viver aventuras que jamais serão encontradas no plano visível, mas podemos sentir e ver os seus efeitos no cotidiano de nossa vida.

sábado, 16 de dezembro de 2017

A Testemunha

Wayne Dyer

Todos os nossos problemas nascem da identificação com os pensamentos. É, pois, necessário que os observemos, e este é o papel da testemunha ou observador que existe em nós e que constitui a nossa verdadeira identidade. Wayne Dyer, um mestre em psicologia e espiritualidade, nos apresenta um caso que bem exemplifica essa realidade.

A Testemunha

Alguns anos atrás, tive uma paciente que sofria do que ela chamava tristeza terminal. Descrevia seus sentimentos com frases do tipo: “Cada parte de mim está deprimida. Estou deprimida o dia todo. Acordo deprimida e vou dormir deprimida. Parece que não posso livrar-me desta horrível sensação de depressão.”

Um dia perguntei-lhe algo que marcou a virada na sua vivência dessa tristeza, que caracterizava sua vida cotidiana.

- Diga-me – eu perguntei -, você tem notado esta depressão mais frequentemente nas últimas semanas?

Ela respondeu:

- Sim, notei que ela se alastra  mais e mais por tudo o que faço.

- Agora pense com bastante cuidado antes de responder – prossegui. – A pessoa que nota está deprimida?

Ela me pediu para repetir a pergunta.

- A pessoa que nota está deprimida? Eu repeti.

Ela ficou perplexa e sem resposta. Mas, pela primeira vez, pôde perceber que existia um outro aspecto de si mesma, além da sua depressão. Esse aspecto era a parte dela que notava a sua depressão.

Esta pessoa que notava era a testemunha, o observador que podia ficar preso na depressão. A entidade invisível, disforme, sem limites, era seu Eu superior, a presença amorosa. Antes daquela sessão, ela nunca se deparara com essa parte de si mesma.

Levei vários meses ensinando essa mulher a parar de identificar-se com os pensamentos e sentimentos depressivos. Aprendeu a dissociar-se deles e contemplá-los da perspectiva da testemunha compassiva, fora de seus pensamentos e fora do seu corpo físico.

Tornar-se testemunha é um ato de amor. Ela retira você do mundo de limites e formas, permitindo-lhe entrar no espaço do amor puro.

Comece agora, portanto, a observar fatos que dizem respeito à sua vida. Observe se está sereno ou ansioso. Observe sua aparência física. Observe tudo. Lembre-se que existe uma atividade chamada observar, e ela inclui quem observa e aquilo que está sendo observado. Concentre-se em ser quem observa e acostume-se a frequentar mais esse local da sua mente na sua vida cotidiana.

sábado, 9 de dezembro de 2017

Deixe entrar o novo em sua casa e em você

Paulo Coelho
  
Você tem o hábito de juntar objetos inúteis, acreditando que um dia (não sabe quando) poderá precisar deles?

Você tem o hábito de guardar roupas, sapatos, móveis, utensílios domésticos e outros tipos de equipamentos que já não usa há um bom tempo?

E dentro de você? Você tem o hábito de guardar mágoas, ressentimentos, raivas e medos?

Não faça isso. É anti-prosperidade. É preciso criar um espaço, um vazio, para que as coisas novas cheguem à sua vida. É preciso eliminar o que é inútil em você e na sua vida, para que a prosperidade venha. É a força desse vazio que absorverá e atrairá tudo o que você almeja.

Enquanto você estiver material ou emocionalmente carregado de coisas velhas e inúteis, não haverá espaço aberto para novas oportunidades. Os bens precisam circular. Limpe as gavetas, os guarda-roupas, o quartinho lá do fundo, a garagem. Dê o que você não usa mais. Venda, troque, movimente e não acumule.

Dê espaço para o novo.

A atitude de guardar um monte de coisas inúteis amarra sua vida. Não são os objetos guardados que emperram sua vida, mas o significado da atitude de guardar. Quando se guarda, considera-se a possibilidade da falta, da carência. É acreditar que amanhã poderá faltar, e você não terá meios de prover suas necessidades.

Com essa postura, você está enviando duas mensagens para o seu cérebro e para a vida: primeiro, você não confia no amanhã e, segundo, você acredita que o novo e o melhor não são para você, já que se contenta em guardar coisas velhas e inúteis

Uma faxina básica, apesar da trabalheira e do cansaço que provoca, ao final é sempre bem-vinda. Arejar espaços, fora e dentro da gente faz um bem enorme!  Vamos lá. Mãos à obra! Desfaça-se do que perdeu a cor e o brilho e deixe entrar o novo em sua casa e em você!
                                                      

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O Despertar de Eckhart Tolle

Eckhart Tolle
A existência de homens como Eckhart Tolle é uma bênção para a humanidade. Após profunda crise existencial, ele percebeu em si uma presença, manifestando-se nele em forma de uma paz e alegria que as palavras não podem descrever.
Essa também é a nossa herança, se formos dignos dela. Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, e essa realidade constitui o que realmente somos. Se não realizamos esse potencial inato é porque estamos por demais condicionados em nossas mentes, o que não nos permite  acesso ao  nosso tesouro interior.
Eckhart Tolle é hoje um dos mais destacados mestres de espiritualidade. Ele mora em Vancouver e consagra todo o seu tempo a escrever, proferir palestras e orientar grupos de meditação.O texto abaixo foi extraído de "O Poder do Agora", livro com mais de cinco milhões de exemplares vendidos.

 O Despertar

   Não vejo muita utilidade no passado e raramente penso a respeito dele, mas, para que você compreenda a transformação que pode ocorrer na sua vida ao acessar o poder do Agora, vou  contar como me tornei um mestre espiritual.
   Até os meus 30 anos, eu era extremamente ansioso, sofria de depressão e tinha fortes tendências suicidas. Hoje, parece que estou falando da vida de outra pessoa.
   Tudo começou a mudar pouco depois do meu aniversário de 29 anos, quando acordei certa madrugada com uma sensação de pavor absoluto. Não era a primeira vez que eu tinha uma crise de pânico, mas aquela foi a mais forte de todas. Tudo parecia estranho, hostil, absolutamente sem sentido. Senti uma profunda aversão pelo mundo e, principalmente, por mim mesmo. Qual o sentido de continuar a viver com o peso dessa angústia? Para que prosseguir com essa luta? Um profundo anseio de destruição, de deixar de existir, tinha tomado conta de mim.
   “Não posso mais viver comigo”, pensei. Então, de repente, tomei consciência de como aquele pensamento era peculiar. “Eu sou um ou sou dois? Se eu não consigo mais viver comigo, deve haver dois de mim: o ‘eu’ e o ‘eu interior’, com quem o ‘eu’ não consegue mais conviver”. “Talvez – pensei – só um dos dois seja real”.     
   Fiquei tão atordoado com essa estranha dedução que a minha mente parou. Eu estava plenamente consciente, mas não tinha mais pensamentos. Fui arrastado para dentro do que parecia um vórtice de energia. No início, o movimento foi lento, mas depois acelerou. Fui tomado de um pavor intenso e meu corpo começou a tremer. Ouvia as palavras “não resista”, como se viessem de dentro do meu peito. Eu estava sendo sugado para dentro de um vácuo, que parecia estar dentro de mim e não do lado de fora. De repente, perdi o medo e me deixei levar. Não me lembro de nada do que aconteceu depois.
   No dia seguinte, fui acordado por um pássaro cantando no jardim. Nunca tinha ouvido um som tão maravilhoso antes. Meu quarto estava iluminado pelos primeiros raios de sol da manhã. Sem pensar em nada, eu senti – soube – que existem muito mais coisas para vir à luz do que nós percebemos. Aquela luminosidade suave que atravessava as cortinas da janela do meu quarto era o próprio amor. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu percebi que nunca tinha reparado na beleza das pequenas coisas, no milagre da vida. Era como se eu tivesse acabado de nascer de novo.  
   Durante os cinco meses seguintes, vivi em um estado permanente de paz e alegria. Depois, essa sensação diminuiu de intensidade ou, talvez, eu tenha simplesmente me acostumado com ela, pois se tornou o meu estado natural. Embora eu continuasse vivendo normalmente, tinha percebido que nada que eu viesse a fazer poderia mudar realmente a minha vida. Eu já tinha tudo de que necessitava.
   Eu sabia que algo profundamente significativo tinha acontecido, mas não entendia exatamente o quê. Só compreendi anos mais tarde, depois de ler muito sobre espiritualidade e de viver com mestres iluminados. Percebi que eu já tinha vivenciado a transformação que as pessoas tanto desejavam. 
   A pressão intensa do sofrimento daquela noite forçou minha consciência a pôr um fim à sua identificação com a infelicidade e com o falso “eu interior” amedrontado, que minha mente havia criado para me controlar. Foi uma transformação tão completa que esse “eu interior” sofredor murchou imediatamente, como quando se tira o pino de um brinquedo inflável. O que restou foi a minha verdadeira natureza, a minha presença, a consciência em seu estado puro, anterior à sua identificação com a forma. 
   Mais tarde aprendi a entrar numa dimensão interior eterna e imortal, que havia percebido inicialmente como um vazio, e a permanecer plenamente  consciente assim, alcançando um estado de profunda paz e bem-aventurança. 
   Eu me entreguei completamente a essa experiência e, durante um bom tempo, abri mão de tudo no plano físico: não tinha mais emprego, casa, relacionamentos, nem uma identidade social definida. Passei quase dois anos sentado em bancos de parque, num estado de profunda alegria.
   Mas até mesmo as experiências mais  bonitas vêm e vão. Retomei minha vida no plano físico, mas o sentimento de paz nunca mais me abandonou. Às vezes, ele é muito intenso, quase palpável, e outras pessoas também podem senti-lo. Outras vezes, ele fica na retaguarda, como uma melodia distante.
   Tempos depois, as pessoas iriam se aproximar de mim e dizer: “Quero o que você tem. Você pode me dar ou me mostrar como conseguir?” Eu respondia: “Você já tem. Mas não consegue sentir porque a sua mente está fazendo muito barulho.” Foi essa  resposta que acabou originando o livro “O Poder do agora”. Quando eu vi, já possuía de novo uma identidade externa: tinha me tornado um mestre espiritual.

sábado, 18 de novembro de 2017

O tesouro oculto

Huberto Rohden
                                               
A verdadeira iniciação nada tem a ver com fórmulas misteriosas. Consiste tão somente nesta coisa tão singela e tão imensa, que é o encontro pessoal com Deus, essa estupenda revolução cósmica dentro da alma humana.

“O reino de Deus está dentro de vós”, mas é um tesouro oculto. É necessário cavar, cavar fundo, para descobri-lo. Diariamente, deve o homem aprofundar essa mina divina.

Uma vez que o homem encontra a Deus dentro de si mesmo, encontra-o espontaneamente por toda a parte.

O homem espiritual descobriu que o verdadeiro Eu humano, na sua mais profunda essência, é idêntico a Deus.

Sem o encontro consigo mesmo, nenhum homem realizará o seu encontro com Deus.



sábado, 11 de novembro de 2017

Todos os dias são diferentes

                                                                          Paulo Coelho

 Podemos achar que tudo o que a vida nos oferece amanhã é repetição do que fizemos ontem e hoje. Mas, se prestarmos atenção, vamos reparar que nenhum dia é igual ao outro.

Cada manhã traz uma bênção escondida; uma bênção que só serve para este dia e que não pode ser guardada ou reaproveitada. Se não usarmos este milagre hoje, ele se perderá.

Este milagre está nos detalhes do cotidiano. É preciso viver cada minuto, porque nele encontramos a saída para nossas confusões, a alegria dos nossos bons momentos, a pista certa para a decisão que precisa ser tomada.

Não podemos deixar nunca que cada dia pareça igual ao anterior, porque todos os dias são diferentes.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

O Verdadeiro Cristão

Jacob Boheme
O verdadeiro cristão tem sua igreja dentro de seu coração, onde ele ensina e ouve. Esta igreja está nele aonde quer que ele vá, pois ele está sempre no seu templo.

A sua igreja é o templo de Cristo, onde ele prega o Espírito Santo para todos os seres, e em tudo ele observa e ouve o sermão de Deus.

O verdadeiro cristão não se filia a qualquer seita particular. Ele pode participar de todas as cerimônias e não pertencer a nenhuma.

Ele só tem uma ciência,  que lhe diz que Cristo está dentro dele. Tem somente um desejo: fazer o bem.

Nosso principal objetivo deve ser o de revelar o poder divino dentro de nós.

Se nós o possuímos, todas as pesquisas científicas serão um mero brinquedo, pois a verdadeira ciência é a revelação da Sabedoria Divina dentro de nossas próprias mentes.

 Deus manifesta a sua sabedoria através de seus filhos, assim como a terra manifesta os seus poderes produzindo flores e frutos.

Não estou colhendo meu conhecimento de cartas ou livros, mas o tenho dentro do meu próprio ser.

sábado, 28 de outubro de 2017

O Poder da Suavidade

                                                                        Paulo Coelho

O viajante caminhava pela estrada, quando observou o pequeno rio que começava tímido por entre as pedras. Foi seguindo-o por muito tempo. Aos poucos, ele foi tomando volume e se tornando um rio maior. O viajante continuou a segui-lo.

Bem mais adiante, o que era um pequeno rio se dividiu em dezenas de cachoeiras, num espetáculo de águas cantantes.

A música das águas atraiu mais o viajante, que se aproximou e foi descendo pelas pedras, ao lado de uma das cachoeiras. Descobriu, finalmente, uma gruta.

A natureza criara, com paciência caprichosa, formas na gruta. Ele a foi adentrando, admirando sempre mais as pedras gastas pelo tempo.

De repente, descobriu uma placa. Alguém estivera ali antes dele. Com a lanterna, iluminou os versos que nela estavam escritos.

Eram versos do grande escritor Tagore, prêmio Nobel de literatura de 1913:
"Não foi o martelo que deixou perfeitas estas pedras, mas a água, com sua doçura, sua dança, e sua canção.
Onde a dureza só faz destruir, a suavidade consegue esculpir."

sábado, 21 de outubro de 2017

Eu me lembro!

                                                                Casimiro de Abreu

Eu me lembro! eu me lembro! - Era pequeno 
E brincava na praia; o mar bramia
E erguendo o dorso altivo, sacudia
A branca escuma para o céu sereno.

 
E eu disse a minha mãe nesse momento:
"Que dura orquestra! Que furor insano!
Que pode haver maior que o oceano,
Ou que seja mais forte do que o vento?!"

 
Minha mãe a sorrir olhou pr´os céus
E respondeu: - Um Ser que nós não vemos.
"É maior do que o mar que nós tememos,
Mais forte que o tufão! Meu filho, é  Deus!"

sábado, 14 de outubro de 2017

Psicologia do autoconhecimento

Plena Atenção é a atitude de estarmos despertos, bem  atentos ao momento que estamos vivendo; o que significa mantermo-nos vigilantes com relação a tudo o que pensamos ou fazemos.

As pessoas, habitualmente, não vivem seus atos no presente, mas vivem no passado ou no futuro. Parecendo fazer qualquer coisa aqui, nesse mesmo momento estão distantes nos seus pensamentos, perdidas nas lembranças do passado ou arrastadas por seus desejos e especulações sobre o futuro. Somos, portanto, criaturas do passado, produto de nossas emoções, experiências, registros do que foi. E, assim, não vemos o que é real, verdadeiro e novo.
  
Onde estará o que é real e verdadeiro? Decerto que estará aqui e agora, na nossa frente, mas não percebemos esta realidade, não temos a consciência dela.  A vida verdadeira é o momento presente e não as lembranças de um passado que passou, nem os sonhos de um futuro que ainda não chegou. Aquele que vive no momento presente vive a vida real e é o mais feliz dos seres.
  
Pela simples observação de como surgem e passam os pensamentos e as emoções, ganhamos tranquilidade e compreensão, isto é, sabedoria. Nossa mente evita ser observada porque está habituada a ficar solta, pulando de galho em galho, como um macaco na selva.
  
Na vida cotidiana, por exemplo, suponhamos que, por falta de plena atenção, estejamos coléricos, dominados pelo ódio. Resulta curioso e paradoxal que a pessoa colérica não tenha realmente consciência de que está colérica. Porém, no momento em que se torna consciente da presença desse estado em sua mente, começa a apaziguar-se.

Quanto mais contemplamos o surgir e o desaparecer dos pensamentos, mais conscientes nos tornamos de sua existência e de sua natureza específica. A influência dominadora que o pensamento exerce sobre nós torna-se cada vez mais fraca e de escravos de nossos pensamentos, passamos a ser senhores. Muitas coisas poderão ser compreendidas pela mente capaz de permanecer atenta por longo período de tempo. A consciência atingirá níveis mais elevados e a visão intuitiva desenvolvida nos possibilitará esclarecimentos, impossíveis de alcançar pela função intelectual costumeira.
 
O importante na meditação de Plena Atenção é desenvolver, em todos os momentos, a vigilância e consciência de nossas emoções, palavras e pensamentos. Pela maior capacidade de observação, a tranquilidade interior se desenvolve e a consciência mais lúcida torna o homem mais senhor de si. Isto é possível, mesmo para pessoas de muito trabalho e responsabilidade, que dizem não ter tempo para meditar. Observar e estar atento ao momento presente é meditação, seja na leitura de um livro, seja na realização das diferentes atividades diárias.

In:  Budismo: psicologia do autoconhecimento.
               George da Silva e Rita Homenko

sábado, 7 de outubro de 2017

Como acabar com a dor

Rosa Maria Rezende


Um discípulo perguntou ao Mestre:

"Mestre, o que devo fazer com a dor?” 

E o Mestre respondeu: “Filho, se você ficar com a dor, ela acaba com você; se você fugir dela, ela corre atrás de você, pega-o e também acaba com você”. 

 Mas, Mestre,o que faço então?  

“Siga o Caminho do Meio, filho. Não fuja, nem fique. Mas abrace a dor”.


Essa resposta é realmente paradoxal! Abraçar a dor afasta você de ficar lutando ou fugindo da dor. Abraçar a dor envolve a “arte da aceitação”, implica na possibilidade de mergulhar profundamente dentro de si mesmo.


O que importa é perceber o tamanho de sua dor. Ao percebê-la e aceitá-la, você a dissolve. A melhor forma de acabar com a dor é viver a dor.










 

sábado, 30 de setembro de 2017

Desperta, amigo

Js.
Todos os que ainda não encontraram a verdadeira riqueza – a radiante alegria do Ser e uma paz inabalável – são mendigos, mesmo que possuam bens e riqueza material. Buscam, do lado de fora, migalhas de prazer, aprovação, segurança ou amor, embora tenham um tesouro guardado dentro de si, que não só contém tudo isso, como é infinitamente maior do que qualquer coisa oferecida pelo mundo. (Eckhart Tolle)

                  Eu te procurava fora de mim e não te encontrava, porque estavas em mim  (Santo Agostinho). 

O tesouro que estamos buscando já está em nós. Não é possível encontrá-lo fora e nem precisamos acrescentar nada ao que já somos. A questão é que temos tantas impurezas e condicionamentos, que não podemos reconhecer a nossa verdadeira identidade. 

O caminho do autoconhecimento inclui um processo de purificação, no qual nos livramos de tudo o que é supérfluo, de todos os condicionamentos e, principalmente, da ignorância existencial. Uma vez completada essa purificação, surge o tesouro: a nossa identidade com o Absoluto.

sábado, 23 de setembro de 2017

Deus em sua vida


Joel S. Goldsmith

Todas as pessoas têm Deus, mas nem todas têm a consciência de terem Deus.

Ter Deus de verdade é tê-lo com plena consciência, reconhecê-lo conscientemente como a nossa íntima Realidade.

Moisés tinha Deus deste modo e, por causa disto, caía maná para ele. Elias tinha Deus conscientemente e, por causa disto, era alimentado por um corvo.

Essas coisas lhes vinham de dentro de sua teo-consciência; vinham de Deus e lhes apareciam em forma de alimento. Esses homens, tendo Deus, tinham tudo.

Deus deve se tornar tão real para você como ele o foi para Abraão, Jacó, Moisés, Elias e tantos outros. Deus se torna uma realidade viva – uma presença, um poder, um companheiro, o que cura e supre.

Não encontramos Deus em livros nem em igrejas; Deus se revela no íntimo da pessoa. “O reino de Deus está dentro de vós”.

sábado, 9 de setembro de 2017

Meditação na Ação

Chogyan Trungpa
Um grande ensinamento que pode transformar sua vida é meditar na ação. É aprender a estar presente no momento presente.

Com a prática da concentração, podemos meditar em nossas ações cotidianas, enquanto caminhamos, tomamos banho, comemos. Aprendemos a tornar consciente o que fazíamos de maneira automática e podemos, assim, desfrutar de cada momento de nossa vida.  Isto requer treinamento; é um aprendizado que você vai conquistando com paciência e persistência.

A mente inquieta, que divaga a todo instante, é a causadora de muito sofrimento. Muitos de nossos problemas são criados pela mente instável e não adianta se preocupar e tentar resolvê-los, porque eles não existem. Eles existem apenas em nossa imaginação e mente negativa. A solução está em aquietar a mente e aprender a estar presente na ação.

Aprenda a esvaziar e silenciar a mente. Viva um momento de cada vez, com uma mente alerta e ao mesmo tempo tranquila. Pare de pensar tanto. Isto é essencial para a paz interior, porque com a mente repleta de preocupações, cheia de turbulência, com mil expectativas pelo futuro ou lembranças do passado, não se pode ser feliz ou sentir serenidade.

Muitas pessoas têm insônia, doenças psicossomáticas, depressão, estresse, medos e não entendem que isto é apenas o reflexo de como vivem na vida diária. A causa está em suas mentes que divagam a todo instante, levando-as ora para o passado, ora para o futuro. Ficam como joguetes da mente que as escraviza, tirando a paz mental.

Para desenvolver estar mais presente na ação, procure se concentrar no que está fazendo e quando você perceber que se distraiu, pacientemente volte a sua atenção para o que está fazendo, quantas vezes for necessário. Quando você começar a perceber que está distraído, disperso, é sinal que está ficando presente. Assim, sem cobranças, simplesmente volte a se concentrar no que está fazendo.

Com a consciência do momento presente, entendemos o valor inestimável de cada momento. Aprendemos a encontrar a felicidade em nossa realidade presente e nossas tarefas cotidianas não são mais um fardo e nem nos aborrecem. Compreendemos que tudo depende de nossa atitude. Se mudarmos a nossa atitude em relação a um lugar, ele se torna excelente. Se mudarmos nossa atitude em relação às pessoas, descobrimos qualidades nelas. Se mudarmos nossa atitude perante os acontecimentos, desenvolvendo aceitação, aprendemos com a vida e somos mais livres e felizes.

Se você não está presente, você olha e não vê, escuta, mas não ouve, come, mas não saboreia.

 Cultive cada vez mais a mente positiva, o sorriso, a paciência, o bom humor, o hábito da felicidade e alegria. Compreenda que a sua habilidade de viver o momento presente determina sua paz mental. O ontem não existe mais, o amanhã ainda não existe e o presente é o único momento que existe.

sábado, 2 de setembro de 2017

Origem do Ego

Eckhart Tolle
Não existe um ego separado dos pensamentos. A identificação com os pensamentos é o ego. 

Os pensamentos que passam por sua cabeça estão ligados à mente coletiva da cultura em que você vive, da humanidade como um todo. Então, eles não são pensamentos seus propriamente, mas você capta do coletivo a maior parte deles. 

Então você se identifica com o pensamento e a identificação com o pensamento se torna o ego. O que significa simplesmente que você acredita em cada pensamento que surge e você deriva o senso de quem você é do que a sua mente está dizendo.
 
Cada pensamento é uma forma de energia e, como tal, você poderia chamá-lo de entidade. Quanto mais você acredita neles, mais profundamente eles vão se alojando na sua mente.
 

Existem muitas pessoas neste mundo que estão presas com entidades hostis, negadoras da vida, e elas acreditam que isso é o que elas são. E elas estão continuamente atacando a si mesmas e às pessoas em volta delas.
 
 Essa identificação com os pensamentos torna você um ego pesado; você  é  o ego. E o primeiro momento de liberdade vem quando você percebe que certos pensamentos têm estado na sua cabeça há anos e eles são apenas pensamentos. E você não é o pensamento. Você é a consciência.
 
A liberdade vem ao se sair disso e encontrar um pouco de espaço dentro de você, uma presença!. Então, tornar-se livre do ego significa tornar-se livre do pensamento, da identificação com o pensamento. Esse é o fim do ego. Ele pode ocasionalmente se   reafirmar de vez em quando, mas pelo menos este é o despertar.

domingo, 27 de agosto de 2017

Prisão da mente

Js.
- Não se identifique com os seus pensamentos. Cada vez que você for capaz de se distanciar deles e observá-los, estará rompendo os laços da identificação em que geralmente vivemos.

- A identificação é a causa principal de vivermos adormecidos. Todo esforço feito para sair da identificação é, também, um passo dado no sentido do despertar.

- Quando a pessoa começa a tomar os pensamentos pelo que eles realmente são – memórias do passado – então começa para ela a aurora da libertação.

- Mas o preço dessa libertação é uma “eterna vigilância”, pois carregamos um tesouro que, por descuido, podemos perder.

- Pelo retorno à identificação, podemos recair na prisão da mente.

domingo, 20 de agosto de 2017

Conscientização

Osho
Lembre-se de uma coisa: meditação significa consciência. O que quer que você faça com consciência é meditação. O caminhar pode ser uma meditação, se você caminha alerta. Ouvir os pássaros pode ser uma meditação, se você ouve com consciência. Também ouvir o barulho interior da sua mente pode ser uma meditação, se você permanece alerta e observador. A questão toda se resume em não se mover adormecido. Então, o que quer que você faça é meditação.

O medo é parte da mente. A mente é uma covarde, e tem que ser uma covarde porque ela não tem qualquer substância. Ela é vazia e oca, e tem medo de tudo. E, basicamente, ela teme que um dia você possa ficar cônscio. Isso será realmente o fim do mundo! Não o mundo acabar, mas sim, você tornar-se cônscio, você chegar a um estado de meditação onde a mente tem que desaparecer. Esse é o medo básico.

É por causa desse medo que as pessoas fogem da meditação.  Elas podem não estar cientes disso, mas a mente delas realmente teme chegar perto de qualquer coisa que possa criar mais consciência. Isso será o princípio do fim da mente. Isso será a morte da mente. Mas, para você, não existe nenhum medo. A morte da mente será o seu renascimento, seu começo de realmente viver. Você deve ficar feliz, você deve regozijar-se na morte da mente, porque nada pode ser uma liberdade maior.

A maior descoberta na vida, o tesouro mais precioso, é o da conscientização. Sem isso você está destinado a ficar na escuridão, cheio de medos. E você irá continuar criando novos medos; não há um fim para isso. Você irá viver no medo, você irá morrer no medo, e você nunca será capaz de sentir o sabor da liberdade. E isso era o tempo todo seu potencial; a todo o momento você podia tê-lo reclamado, mas você nunca o reclamou. É sua responsabilidade.

sábado, 12 de agosto de 2017

Dhammapada

O ódio jamais é vencido pelo ódio. O ódio só se extingue com o amor. Esta é uma lei eterna.

Por ignorância, os insensatos se entregam à negligência. Os sábios mantêm a vigilância como o tesouro mais precioso.

Somente na vigilância e na meditação profunda reside a Suprema Alegria.

A mente é invisível e sutil, difícil de ser vigiada, correndo para onde lhe apraz. Que o sábio a vigie. Vigiada, ela é uma fonte de felicidade.

O homem que não procura aprender envelhece à maneira do boi: aumenta de peso, mas não de sabedoria.

Percebendo claramente o Caminho, não negligencies; continua nele, vigilante, mesmo que de grande valor te pareçam outras vias.

Abster-se do mal, fazer o bem e purificar a mente é o ensinamento de todos os budas.

Sem sabedoria não há meditação e sem meditação não há sabedoria. Quem reúne meditação e sabedoria, este, sim, está próximo do Nirvana.

sábado, 29 de julho de 2017

A Arte de Amar

Erich Fromm
O amor de uma mãe por seu filho tem um duplo aspecto: o primeiro é o cuidado visando à preservação da vida do filho. O outro aspecto vai mais longe do que a simples preservação. É a atitude que infunde no filho o amor à vida, que lhe dá o sentimento de que é bom viver.

Há um simbolismo bíblico que expressa bem estes dois aspectos do amor materno. É o seguinte: A terra prometida (a terra é sempre o símbolo materno) é descrita como aquela em que “corre leite e mel”. O leite é o símbolo do primeiro aspecto do amor, o do cuidado. O mel simboliza a doçura da vida, o amor por ela e a felicidade de estar vivo.
  
Muitas mães são capazes de dar “leite”, mas só a minoria é, também, capaz de dar “mel”. A fim de ser capaz de dar “mel”, a mãe não só deve ser capaz de ser uma “boa mãe”, mas ainda ser uma pessoa feliz - e este alvo não é alcançado por muitas.
  
O amor da mãe pela vida é tão contagioso quanto o é a sua ansiedade. Ambas as atitudes têm profundo efeito sobre a personalidade do filho. Podemos mesmo distinguir entre crianças - e adultos- os que só receberam “leite” e aqueles que tiveram “leite e mel”.

sábado, 22 de julho de 2017

O Corpo de Dor

Eckhart Tolle
No caso da maioria das pessoas, quase todos os pensamentos costumam ser involuntários, automáticos, repetitivos. Num sentido estrito, não pensamos – o pensamento acontece em nós. Para essas pessoas, a afirmação “eu penso” é tão falsa quanto “eu faço a digestão” ou “eu faço meu sangue circular”. A digestão acontece, a circulação acontece, o pensamento acontece.

As pessoas vivem possuídas pelo pensamento, pela mente. E, uma vez que a mente é condicionada pelo passado, então somos forçados a reinterpretá-lo sem parar.

Embora o corpo seja muito inteligente, ele não consegue diferenciar uma situação real de um pensamento. Por isso, reage a todo pensamento como se fosse a realidade. Para o corpo, um pensamento preocupante, assustador, corresponde a “Eu estou em perigo”, e ele responde à altura, embora a pessoa que esteja pensando isso possa estar numa cama quente e confortável.

Por causa da tendência humana de perpetuar emoções antigas, quase todo mundo carrega no seu corpo energético um acúmulo de antigas dores emocionais, que eu chamo de “corpo de dor”. Toda emoção negativa que não é plenamente enfrentada nem considerada pelo que ela é, no momento em que se manifesta, não se dissipa por inteiro. Deixa atrás de si um traço remanescente de dor.

O ego não é apenas a mente não observada, a voz na cabeça que finge ser nós, mas também as emoções não observadas que constituem as reações do corpo ao que essa voz diz. A voz na cabeça (os pensamentos) conta ao corpo uma história em que ele acredita e à qual reage. Essas reações são as emoções. Estas, por sua vez, devolvem energia para os pensamentos que as criaram originalmente. Esse é o círculo vicioso entre emoções e pensamentos.

É nossa presença consciente que rompe a identificação com o corpo de dor. Assim que desfazemos sua ligação com nosso pensamento, ele começa a perder energia. A energia que estava presa no corpo de dor muda sua freqüência vibracional e é convertida em presença. Dessa maneira, o corpo de dor se torna combustível para a consciência. É por isso que muitas das pessoas mais sábias e iluminadas do planeta já tiveram um corpo de dor bastante pesado.

Uma pergunta que as pessoas costumam fazer é: “De quanto tempo precisamos para nos libertar do corpo de dor?”. Não é o corpo de dor, e sim a identificação com ele que causa o sofrimento. É essa identificação que nos leva a reviver o passado vezes sem conta e nos mantém no estado de inconsciência. Assim, uma pergunta mais importante a fazer seria esta: “De quanto tempo necessitamos para nos libertar da identificação com o corpo de dor?”.  A resposta a essa pergunta é: não demora tempo nenhum. Sempre que o corpo de dor estiver em atividade, temos que estar cientes de que o que estamos sentindo é o corpo de dor em nós. Esse reconhecimento é tudo que precisamos para interromper a identificação com ele. E quando essa identificação cessa, a transmutação tem início.

domingo, 16 de julho de 2017

Androginia

Js.
A palavra andrógino se origina de duas palavras gregas: andros e gynos, significando respectivamente homem e mulher. Estudos psicológicos demonstram que todo ser humano é andrógino, isto é, traz em si as energias masculinas e femininas. Jung denominou de anima a energia feminina presente no homem e animus a energia masculina existente na mulher. Segundo o Gênesis (cap. 1,) o homem original, Adão, era tanto macho quanto fêmea. “Criou-os macho e fêmea. Abençoou-os e deu-lhes o nome de Homem” Mas, somente em pessoas espiritualmente desenvolvidas essas polaridades se unem, sem mais precisarmos projetar uma metade nossas em um parceiro humano. Sempre que um homem ou uma mulher nos fascina, podemos ter a certeza de que um componente projetado pelo inconsciente está em ação. Os grandes sábios da humanidade eram andróginos. Jesus Cristo, Buda, Ramana Maharsh e centenas de outros que já estiveram entre nós, deram demonstração de firmeza, autoridade (qualidades masculinas), mas eram eram ao mesmo tempo bondosos, compassivos e plenos de amor. (qualidades femininas). Essa integração do masculino e feminino em uma única pessoa, com suas energias circulando em uma única corrente de vida, implica uma profunda evolução do ser humano de volta às suas origens.

Paco Rabane
Cada homem e cada mulher tem em si o seu duplo feminino ou masculino. A unidade está oculta no fundo de nós mesmos. É por isso que o Alquimista nos diz: “Desce às tuas entranhas, como Orfeu aos infernos, para encontrar Eurídice; como Dante em busca de Beatriz, e tornar-te-ás um ser completo, um Jano, um rei-rainha coroado; tornar-te-às o andrógino sagrado e não serás mais que Um com Deus. “Visita interiora terrae et invenies ocultum lapidem.” Explora o interior da terra e encontra a pedra oculta.

Se eu tivesse uma mensagem, seria esta: “Atenção, o que veem aqui em baixo não é tudo. E o resto vos é acessível, com esforço, se souberem encontrar as chaves. As chaves não são inacessíveis; trazemo-las dentro de nós mesmos. “Explora as tuas entranhas e encontrarás a pedra oculta”. No momento de sua encarnação, o nosso ser foi bruscamente cindido em dois, na dor. Ele, que era andrógino num plano vibratório, tornou-se homem ou mulher sobre a terra. Dito de outra maneira, este outro nós mesmos, que por vezes passamos uma vida inteira a procurar, está enterrado em nossas entranhas. Enquanto não tivermos tomado consciência disso, a busca amorosa continuará decepcionante. (In: Trajetória de uma vida a outra – (Paco Rabane)

Esse trabalho de encontrar o masculino e o feminino que vivem dentro de nós e de fazer amor com eles, retira nossas projeções, sem que elas tenham de passar por affairs românticos, e permite que a energia psíquica se acumule e se torne, no momento certo, pronto para a transformação. Ao negar aos nossos monstros acesso à consciência, impedimos a passagem da energia vital, instintiva e em estado bruto, que se encontra trancada dentro de deles. No princípio da criação, o masculino e o feminino estavam juntos. Separaram-se e o homem incompleto procura o seu equilíbrio nas relações sexuais, sem saber que a unidade está na sua consciência. (In: Pelo Caminho da Dor – Sukie Colegrave)

A
Chris Griscom
o avançarmos para estados superiores de consciência, todos nós, mais cedo ou mais tarde, experienciamos o fato de sermos andróginos, de estarmos imbuídos de energias masculina e feminina. Entrar em contato com a mulher interior é um meio poderosíssimo de eliminar a projeção que você faz na mulher exterior. Tendo estabelecido contato com a mulher interior, ela se transforma em essência viva, uma parte viva de você, cuja energia pode ajudá-lo em qualquer hora. (In: A Energia Sexual – Chris Griscom)

sábado, 8 de julho de 2017

Consciência é a resposta

Robert Happé

A razão pela qual a maioria das pessoas não consegue entender os outros está ligada à falta de compreensão de si mesmas. Quando passamos a entender a nós mesmos, torna-se simples entender os demais.

Uma das Leis Cósmicas mais importantes é o conhecimento de que todo ser vivo possui a força e o poder de magnetizar para si tudo o que é necessário para seu desenvolvimento e crescimento. Essa é uma Lei que merece toda a atenção, porque significa que, qualquer situação ou pessoa que encontramos, fomos nós que atraímos, em função da necessidade dessa experiência para o nosso desenvolvimento.                 

Não estamos sós. Existe um incrível e poderoso vórtice de energia em torno e dentro de nós, chamado Deus, Divino, Cristo, ou simplesmente Vida. Entregue-se à nova consciência, que aguarda sua acolhida para manifestar-se em novas visões. Prepare-se para a transformação e, certamente, ela virá. Gaste mais tempo com você mesmo e apenas observe o que acontece, sem críticas ou julgamentos. Aí, então, aceite. Equilibre tudo e crie a paz.

Os pensamentos que percorrem a sua mente não são você. Você é aquele que está consciente desses pensamentos. É de extrema importância, então, observar os pensamentos, porque isto nos ajuda no aprendizado de nos tornarmos conscientes.

A realidade é que as experiências trazem lições e nós atraímos as experiências em função de nossa necessidade de aprender sobre nós mesmos. E quando evitamos essas experiências, estamos rejeitando a possibilidade de aprendizado e ficamos atraindo o mesmo tipo de experiência, de novo e de novo.

Assim como descobrimos o funcionamento da eletricidade ao obtermos a luz, ligando o polo positivo ao negativo, da mesma forma precisamos proceder para ganhar consciência. Ao nos tornarmos conscientes dos aspectos positivos e negativos da experiência, reunindo-os, “acendemos” nossa consciência e começamos a entender as ocorrências de nossa vida, a partir de uma perspectiva mais ampliada de visão e descobrimos, então, que sempre podemos fazer uma escolha.

Na realidade, tudo é sagrado. Todos e quaisquer lugares da Terra, toda forma de vida, visível ou invisível, tudo expressa preciosidade, tudo é divino.

Em nosso mundo convivem, lado a lado, dois tipos diferentes de pessoas. Podemos descrevê-las como sendo as que despertaram e as que estão adormecidas ou, dito de outro modo, os que adquiriram percepção consciente da realidade e os que continuam dirigidos pelos valores do ego.

Somente o medo nos impede de conhecer nossos próprios poderes. Quando você se dá conta disso, você conscientemente decide assumir o comando de sua própria vida, confiar no seu próprio ser, o qual possui tudo o que é necessário para ir ao encontro dos desafios que chegam, de momento a momento, nesta vida que você escolheu viver.

sábado, 1 de julho de 2017

Entrega ao Deus Interior

Eva Pierrakos
A busca espiritual não é mais província exclusiva de monges solitários. Inúmeras pessoas comuns embarcaram numa jornada para conhecer a si mesmas e aprender de que modo cumular suas vidas de bens de dentro para fora.

A estada de alguém num corpo humano é uma jornada. Trata-se de um movimento de fluxo constante. A pessoa atravessa diferentes paisagens, entre as quais a paisagem do Eu superior, que é belo e irradia luz. Mas, se a tarefa que cada qual deve cumprir é abandonada, a pessoa não terá a experiência dessa paisagem e se detém nas paisagens de outros aspectos da consciência, que ainda não se integraram ao eu real.

Nunca é demais chamar-lhes a atenção para que vocês se dediquem à descoberta do inconsciente; familiarizem-se com ele, tornem-no consciente na meditação, nas orações, com todo o empenho de vocês. Poucas pessoas têm a posse real de seu verdadeiro ser; a maioria não se conhece e se acham perdidas quanto a si mesmas, pois não pisam em terra firme.

O único lugar em que Deus pode ser encontrado é dentro de vocês e a experiência interior de Deus é a maior das experiências, porque traz em si tudo o que há de desejável.

Não tenham medo do seu eu mais profundo. Fugir dele é trágico, pois impõem a si mesmos muito sofrimento desnecessário. Nada gera tanto sofrimento quanto fugir do eu. Vocês nada têm a temer, absolutamente nada.

Olhem sempre para dentro de si mesmos profundamente, sem atitudes defensivas, sem angústia. Quanto mais fizerem isto, mais preparados estarão para fazer contato com os outros.

Esta é a batalha trágica da humanidade: por um lado, vocês estão perturbados, em função da insegurança da existência. Percebem o desperdício da sua vida, enquanto aderem exclusivamente ao eu exterior, aos valores exteriores. Por outro lado, fazem tudo para conservar a própria infelicidade. Procuram reforçar a identidade com o ego: mais atividades exteriores, mais crenças e válvulas de escape exteriores.

O universo traz em si o bem ilimitado, disponível a vocês, se estiverem abertos a isso. Quando o verdadeiro eu está bloqueado, as portas para o seu universo estão fechadas. Algo em vocês barra a passagem.

Se as pessoas soubessem que trazem em si mesmas algo no fundo do coração, algo que é infinitamente superior ao ego-eu, teriam a oportunidade, por meio da experimentação e da exploração, de procurar a comunicação com esse núcleo. Tornar-se-iam capazes de chegar ao seu verdadeiro ser interior, fonte de sabedoria.

domingo, 18 de junho de 2017

O DESPERTAR DE UMA NOVA CONSCIÊNCIA

Eckhart Tolle
Sempre que não encobrimos o mundo com palavras e rótulos, retorna à nossa vida a sensação do milagre, que foi perdida muito tempo atrás, quando a humanidade, em vez de usar o pensamento, deixou-se possuir por ele.
                     
O Ser deve ser sentido. Não pode ser pensado. O ego não o conhece, porque ele se compõe apenas de pensamento. “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”, disse Jesus. O que significa “humildes de espírito?”. Nenhuma bagagem interior, nenhuma identificação. Nenhuma relação com coisas e com conceitos mentais. E o que é o “Reino dos Céus?”. A simples, porém profunda alegria do Ser, que está presente quando abandonamos as identificações e nos tornamos “humildes de espírito”.

O ego é, invariavelmente, a identificação com a forma. As formas não são apenas objetos materiais e corpos físicos. Mais essenciais do que essas formas externas são as formas de pensamento que surgem de modo contínuo no campo da consciência. Elas são formações energéticas, mais sutis e menos densas do que a matéria física, porém são formas de qualquer maneira.

Descartes deu expressão a um erro fundamental (o esquecimento do Ser pela identificação com a forma), através da máxima: ”Penso, logo existo”. Essa foi a resposta que ele encontrou para a pergunta: “Há alguma coisa que eu possa saber com certeza absoluta?”. Descartes compreendeu que o fato de estar sempre pensando estava além de toda a dúvida; assim, igualou o pensamento ao Ser. Em vez da verdade suprema, ele havia detectado a origem do ego, mas não sabia disso.

Passaram-se quase 300 anos, antes que outro renomado filósofo francês visse algo naquela afirmação que Descartes não havia percebido. Seu nome era Jean-Paul Sartre. Ele refletiu muito sobre a afirmação de Descartes e, de repente, compreendeu algo. Em suas próprias palavras: “A consciência que afirma ‘eu sou’ não é a consciência que pensa”. O que ele quer dizer com isso?. Quando estamos conscientes de que estamos pensando, essa consciência não parte do pensamento. É uma dimensão diferente de consciência.

Se não houvesse nada além do pensamento em nós, nem sequer saberíamos que pensamos. Seríamos como alguém que está sonhando e não sabe que está fazendo isto. Estaríamos identificados com cada pensamento, assim como aquele que sonha está identificado com cada imagem do sonho.

A consciência é o poder oculto dentro do momento presente. É por isso que podemos chamá-la de presença. O propósito supremo da existência humana é trazer esse poder ao mundo.
              
Depois que compreendemos que todas as estruturas (formas) são efêmeras, a paz surge dentro de nós. Isso acontece porque o reconhecimento da impermanência de todas as formas nos desperta para a dimensão do que não tem forma no nosso interior, o que está além da morte. Jesus chama isso de “vida eterna”.

A causa primeira da infelicidade nunca é a situação, mas os pensamentos sobre ela. Portanto, tome consciência dos pensamentos que estão lhe ocorrendo. Separe-os da situação, que é sempre neutra – ela é como é.

Encarar os fatos é sempre fortalecedor. Tome consciência de que, na maioria das vezes, o que você pensa é o que cria suas emoções – observe a ligação entre eles. Em vez de ser seus pensamentos e suas emoções, seja a consciência por trás deles.