sábado, 25 de março de 2017

Entrevista

J.S.
Sarques, eu tenho notado que você se modificou muito de uns poucos anos para cá. Poderia nos dizer o que ocorreu?

Sim, sinto imensa satisfação em poder comunicar aos outros as experiências que tenho vivido. Você, certamente, já ouviu falar em despertar, nascer de novo, autotransformação. Pois é o que vem acontecendo comigo. Posso dizer que já não sou o mesmo de alguns anos atrás. Vejo as coisas de uma maneira nova; percebo realidades que antes estavam ocultas para mim. Essas novas realidades fizeram de mim uma outra pessoa, embora na aparência continue o mesmo.

Quem o orientou para trilhar este Caminho?


O início desse processo foi o meu encontro com Krishnamurti. Com ele, pude compreender como eu era prisioneiro de meu condicionamento. Livrar-me desse passado, atuante em minha memória, tem sido a minha tarefa fundamental nos últimos tempos. E posso dizer que o esforço não foi inútil, pois os frutos começam a aparecer.

Você poderia nos dar algumas pistas de como conseguir essa liberação do passado?

O essencial consiste na observação da mente, pois é através desta que é veiculado todo o nosso passado. Observar os pensamentos que desfilam na mente, sem os expulsar, sem condenar, sem julgar. Apenas estar cônscio deles. A princípio a tarefa é difícil, porque estamos muito identificados com o nosso passado. Mas, com o tempo, adquirimos certo distanciamento, e nosso esforço começa a produzir os primeiros resultados. Para se chegar a esse ponto, a observação da mente não deve ser feita de modo esporádico, mas como um trabalho contínuo, paciente e perseverante.

Sarques, estou curioso em saber que relação pode existir entre a observação da mente e a autotransformação?

A sua pergunta tocou num ponto essencial. Sem a observação da mente não é possível a pessoa despertar do sono em que vive. É que os pensamentos constituem verdadeiras nuvens de fumaça que impedem a percepção da realidade. Sem esse trabalho de observação, as pessoas têm ouvidos, mas não ouvem; têm olhos, mas não vêem, pois o que ouvem e vêem são as projeções da própria mente. O que opera a autotransformação é o abandono dessas projeções e a volta ao ser, ao real, o reencontro do filho com o lar paterno.

Teria ainda muita coisa a dizer a esse respeito, mas vou ficando por aqui e espero que tudo isso mereça uma reflexão de sua parte.

sábado, 11 de março de 2017

Livre-se Facilmente da Dor Crônica

Dra. Ingrid Bacci
O seu corpo não é uma força estranha; ele detém as chaves da sua saúde. Se aprender a escutá-lo e a compreendê-lo, conseguirá curar a si mesmo.

Há em seus músculos uma coisa chamada “memória muscular”. Eles aprenderam, após anos de experiência, a contrair-se na iminência do perigo e não sabem mais como evitar isso. A tensão estará além de seu controle consciente, a menos que você reeduque os músculos.

Músculos constantemente contraídos são dolorosos. E às vezes provocam dor em outras partes do corpo. A dor é conseqüência de excessiva pressão, a partir de músculos contraídos. A tensão numa parte do corpo cria tensões em outras. Um músculo contraído no pescoço, por exemplo, pode provocar dor na parte inferior das costas.

Aprender a sentir o corpo pode nos ajudar a encontrar e solucionar stresses emocionais ou mentais, dos quais às vezes não temos consciência, mas contribuem decisivamente para a dor. Quando a tensão crônica se dispersa, graças ao trabalho corporal, as emoções suprimidas conseguem fluir espontaneamente. Não é incomum que clientes, em sessão de massagem ou terapia manual, rompam subitamente em lágrimas de angústia ou tristeza ou expressem cólera violenta, quando a tensão fisiológica do seu corpo desaparece.

Hoje, muitos terapeutas que trabalham com o corpo ajudam os clientes a curar-se, localizando e, em seguida, eliminando as suas tensões neuromusculares. Quando os bloqueios neuromusculares cedem à pressão manual ou energética, os pacientes quase sempre evocam experiências intensas, que estavam sepultadas em seu inconsciente.

A mente não está separada do corpo. Essa verdade é tão fundamental que, compreendê-la bem, pode mudar radicalmente a nossa maneira de encarar a cura da dor crônica. Temos de conceder ao corpo o seu pleno status de fonte de inteligência e sabedoria em nossa vida, bem como de poderoso aliado na promoção de mudanças, crescimento e cura. Mente é corpo e corpo é mente.

Quando sentimos dor, não gostamos de sentir o corpo. Afinal, ele incomoda. Tomamos analgésicos para aliviar a dor. Mas a percepção imparcial de nossas sensações, mesmo as dolorosas, tenderá a reduzir a dor. A percepção imparcial estimula o relaxamento e promove a cura. A dor tende a dissipar-se, quando não reagimos a ela. Quando reagimos, ela aumenta.

Quanto mais aprendemos a sentir o corpo, mais acesso temos às emoções recalcadas. Saber reconhecer, acatar, expressar e liberar emoções suprimidas costuma aliviar a dor crônica.

O corpo funciona como porta-voz dos sentimentos e experiências inconscientes. Quanto mais entramos em contato com ele, mais ganhamos acesso aos sentimentos reprimidos. Por que não usar o corpo como aliado para ajudar um paciente a desenvolver a autopercepção? Procurar captar as sensações do corpo constitui uma ferramenta mais eficiente para descobrir os verdadeiros sentimentos do que refletir sobre estes. Pensar, muitas vezes, nos distancia dos sentimentos profundos, ao passo que o corpo escancara as portas para as emoções.

Se você parar um pouco e prestar atenção nas sensações do seu corpo, ao perceber que sua mente está se desgarrando, provavelmente notará que os seus músculos estão tensos: ombros rígidos, respiração oprimida, vísceras contraídas e por aí vai. A tensão do corpo é um indício de que você se ausentou de si mesmo e caiu sob o jugo do medo.

domingo, 5 de março de 2017

Aprenda a transformar seus venenos

Osho
Aprenda a transformar seus venenos em mel. Como eles são transformados? Há um processo muito simples. Na verdade, chamá-lo de transformação não é correto, porque você não faz nada; você só precisa de paciência.

Tente: quando a raiva vier, você não deve fazer nada; apenas sente-se silenciosamente e observe-a. Não seja contra ela, não a reprima. Apenas observe-a, seja paciente, apenas veja o que acontece e deixe que ela surja.

Simplesmente dê a ela um pouco de tempo e espere... e você se surpreenderá. E um dia você compreenderá que, se você puder esperar o bastante, a mesma raiva se torna compaixão.

É uma roda; move-se por si mesma – você é que tem pressa. Assim como a noite se torna dia, se você puder esperar um pouco, do mesmo modo a raiva se torna compaixão – se você puder esperar um pouco.

A mesma energia; apenas paciência tem de ser acrescida a ela, nada mais. Experimente.