sábado, 29 de setembro de 2018

O conhecimento silencioso

Wayne Dyer
Ontem, enquanto escrevia este livro aqui em Maui, vivenciei um saber que tentarei explicar a vocês. 

Uma japonesa fora resgatada das ondas. Seu corpo estava inchado, devido à ingestão excessiva de  água salgada. Ajoelhei-me ao seu lado, junto a outras pessoas, tentando reanimar seu coração por meio de procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar, enquanto muitos de seus amigos japoneses choravam de angústia, ao mesmo tempo em que a vã tentativa de ressuscitação prosseguia. 

De repente, tive uma calma percepção do espírito dessa mulher flutuando acima de nossos esforços para salvá-la. Enquanto observava a cena de salvamento na praia, senti a presença de uma bem-aventurada e serena energia e soube, de um modo inexplicável, que ela não seria reanimada e que não estava mais ligada ao corpo que tantas pessoas bem intencionadas, inclusive eu, tentavam trazer de volta à vida. 

Esse saber calmo me fez levantar, juntar as mãos e dizer uma prece silenciosa por ela. Éramos de partes diferentes do mundo e nem mesmo compartilhávamos o mesmo idioma, mas me sentia conectado a ela. Sentia-me sereno com o conhecimento de que seu espírito e o meu estavam de algum modo conectados pelo mistério da natureza transitória e efêmera de nossas vidas físicas. 

Enquanto me afastava, a dor da morte não estava dominando meus pensamentos. Em vez disso, eu sabia e sentia que a partida do espírito dessa mulher do que era agora um corpo sem vida e inchado fazia parte da perfeita ordem divina. Eu não tinha como prová-lo, não possuía provas científicas. Eu não achava isso - sabia isso. Esse é um exemplo do que quero dizer com conhecimento silencioso. Ainda sinto sua presença enquanto escrevo, 24 horas depois.
 
Em "O Poder do Silêncio", Carlos Castañeda descreve o conhecimento silencioso como "algo que todos nós temos, algo que tem conhecimento completo de tudo, mas não consegue pensar, falar do que sabe. O homem renunciou ao poder silencioso pelo mundo da razão."