sábado, 4 de janeiro de 2020

O Silêncio cura

Yolande Duran Serrano
Yolande nasceu em 1963. Desde cedo, ela se dedicou ao mundo do trabalho, exercendo múltiplas  atividades. Sua vida era tão corrida que não havia tempo para nenhuma reflexão de ordem psicológica ou espiritual. Até que, em um fim de semana, de repente, sua vida mudou.

A sucessão de pensamentos que preenchiam sua mente desapareceu, dando lugar a um Silêncio que ela antes nunca conhecera. Começava para ela a revelação de uma nova vida de  silêncio e paz interior. Dentre seus livros, merece destaque "Le silence guérit" (O Silêncio cura), do qual traduzi alguns tópicos essenciais. 

O Silêncio cura
 
Todos os seres nascem da beatitude,
pela beatitude eles existem,
à beatitude eles retornam.
Upanishad

Era o mês de agosto de 2003. O dia começara como qualquer outro. Meu filho havia saído. Eu estava só em casa. E eis que observei algo diferente. Havia um silêncio em minha mente. Onde teriam ido meus pensamentos?

E quando, dois meses mais tarde, meu filho faleceu em um acidente, a mesma coisa. Esse silêncio, essa tranqüilidade me impediam de ser uma mãe destruída pela morte de seu filho. Eu percebi que o sofrimento não existia.

Assim como antes eu não conseguia parar de pensar, agora, se eu quiser pensar, não consigo. Os pensamentos ficavam num segundo plano, como se não me pertencessem mais ou, em todo caso, não mais tinham poder sobre mim.

Antes, eu pensava que a felicidade, o amor, estavam no exterior e, de repente, descobri que o amor estava dentro de mim. Nenhuma necessidade de procurá-lo fora.

Esse estado pode se chamar silêncio, tranqüilidade, poder, amor. Essa coisa está além das palavras. Mas, se tento me referir a ela, posso dizer que é um sentimento profundo, uma convicção profunda.

Nos primeiros dois anos, permaneci tranquila exteriormente, para observar tudo isso. Eu não trabalhava mais, apenas observava esse movimento em mim, operando essa coisa. Nesse espaço, nunca se está só, mas há sempre alguma coisa a vivenciar.

Sim, é esta descoberta que vai ter o poder sobre tudo, especialmente sobre o ego, Não se pode eliminar o ego, mas " essa coisa" tem o poder de fazê-lo, de sorte que o ego não volte a dominar a cada instante. Em primeiro plano estará o silêncio, essa verticalidade.