sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Memórias, Sonhos, Reflexões

Carl Gustav Jung
 1875-1961
   Minha vida é a história de um inconsciente que se realizou. Tudo o que nele repousa aspira a tornar-se acontecimento e a personalidade, por seu lado, quer evoluir a partir de suas condições inconscientes e experimentar-se como totalidade. 
   
  A fim de descrever esse desenvolvimento, tal como se processou em mim, não posso servir-me da linguagem científica; não posso me experimentar como um problema científico. O que se é, mediante uma intuição interior e o que o homem parece ser sub specie aeternitatis só pode ser expresso através de um mito. 
 Este último é mais individual e exprime a vida mais exatamente do que o faz a ciência, que trabalha com noções médias, genéricas demais para poder dar uma ideia justa da riqueza múltipla e subjetiva de uma vida individual. 
 
   Assim, pois, comecei agora, aos oitenta e três anos, a contar o mito da minha vida. 
Sou um homem. Mas o que isto significa? Como todos os outros entes, também fui separado da divindade infinita. 
   
   A vida sempre se me afigurou uma planta que extrai sua vitalidade do rizoma; a vida propriamente dita não é visível, pois jaz no rizoma. O que se torna visível sobre a terra dura um só verão, depois fenece. Mas, nunca perdi o sentimento da perenidade da vida sob a eterna mudança. O que vemos é a floração – e ela desaparece. Mas o rizoma persiste.
 
    Em última análise, só me parecem dignos de ser narrados os acontecimentos da minha vida através dos quais o mundo eterno irrompeu no mundo efêmero. Por isso, falo principalmente das experiências interiores. Diante dos acontecimentos interiores, as outras lembranças empalidecem: viagens, relações humanas, ambiente. A lembrança dos fatos exteriores de minha vida, em sua maior parte, esfumou-se em meu espírito ou então desapareceu. Mas, os encontros com a outra realidade, o embate com o inconsciente, se impregnaram de maneira indelével em minha memória. Nessa região sempre houve abundância e riqueza; o restante ocupava o segundo plano. 
 
   No início de 1944, fraturei um pé e logo depois tive um enfarte cardíaco. Durante a inconsciência, tive delírios e visões. As imagens eram tão violentas que eu próprio concluí que estava prestes a morrer.  Eu tinha atingido o limite extremo e não sei se era sonho ou êxtase. Seja o que for, aconteceram coisas muito estranhas. Parecia-me estar muito alto no espaço cósmico. Enquanto pensava nessas coisas, um fato atraiu minha atenção: de baixo da Europa, ergueu-se uma imagem: era meia médico, ou melhor sua imagem, circundada por uma corrente de ouro ou por uma coroa de louros dourada. Pensei imediatamente: “Ora veja! é o médico que me assistiu!" Quando ele chegou diante de mim, pairando como uma imagem nascida das profundezas, produziu-se entre nós uma silenciosa transmissão de pensamentos. Realmente, meu médico fora delegado pela Terra para trazer-me uma mensagem: protestavam contra a minha partida. Não tinha o direito de deixar a Terra e devia retornar. No momento em que percebi essa mensagem, a visão desapareceu. 
 
   Quando estava no espaço, não tinha peso e nada podia me atrair. E agora, tudo terminado! Sentia resistência contra meu médico, porque ele me reconduzira à vida. Por outro lado, inquietava-me por ele: “Por Deus, ele está ameaçado! Não me apareceu sob a forma primeira? Quando alguém chega a essa forma é que está para morrer e desde então pertence à sociedade de “seus verdadeiros semelhantes”. Era minha firme convicção de que ele estava em perigo, porque eu o vira em sua forma original. E, com efeito, fui seu último paciente. Em 4 de abril de 1944 – sei ainda exatamente a data – fui autorizado pela primeira vez a sentar-me à beira da cama e, neste mesmo dia, ele se deitou para não mais levantar. Soube que tivera um acesso de febre e pouco depois morreu de septicemia. 
 
   É impossível ter uma ideia da beleza e da intensidade do sentimento, durante as visões. Foi o que vivi de mais prodigioso. E que contraste o dia! Vivia então atormentado e meus nervos estavam completamente esgotados. Tudo me irritava, tudo era muito material, grosseiro, pesado e espiritualmente limitado; tudo parecia artificialmente diminuído, com uma finalidade desconhecida e, no entanto, parecia ter uma força hipnótica tão decisiva que era como se fosse a própria realidade, e ao mesmo tempo, era claramente discernível sua insignificância. 
   
   Nunca pensei que se pudesse viver uma tal experiência, e que uma beatitude contínua fosse possível. Essas visões e acontecimentos eram perfeitamente reais. Nada havia de artificialmente forçado; pelo contrário, tudo era de extrema objetividade. Teme-se usar a expressão “eterno”; não posso, entretanto, descrever o que vivi, senão como a beatitude de um estado intemporal, no qual presente, passado e futuro são um só. 
 
   Minha doença teve ainda outras repercussões: elas consistiram, poder-se-ia dizer, numa aceitação do ser, num “sim” incondicional ao que é, sem objeções subjetivas, numa aceitação das condições da existência como as vejo e compreendo; aceitação do meu ser como ele é simplesmente. No início da doença sentia que minha atitude anterior tinha sido um erro e que eu próprio era, de qualquer forma, responsável pelo acidente. Mas, quando seguimos o caminho da individuação, quando vivemos nossa vida, é preciso também aceitar o erro, sem o qual a vida não será completa.
 
    Foi só depois da minha doença que compreendi o quanto é importante aceitar o destino. Porque assim há um eu que não recua, quando surge o incompreensível. Um eu que resiste, que suporta a verdade e que está à altura do mundo e do destino. Então uma derrota pode ser ao mesmo tempo uma vitória. Nada nos perturba, nem dentro, nem fora, porque nossa própria continuidade resistiu à torrente da vida e do tempo. Mas isso só acontece se não impedirmos que o destino manifeste suas intenções. 
 
    Está estabelecido que o inconsciente sabe mais que o consciente, mas seu saber é de uma essência particular, de um saber eterno que, com frequência, não tem nenhuma ligação com o “aqui” e o “agora” e não leva absolutamente em conta a linguagem que fala nosso intelecto. Eu poderia imaginar que para algumas almas o estado de existência tridimensional seria mais feliz do que o estado “eterno”. Mas isso dependerá talvez do que elas tenham levado consigo, como soma de perfeição ou de imperfeição de sua existência humana. Pode ser que uma continuação da vida tridimensional não tenha mais nenhum sentido, uma vez que a alma tenha atingido certos degraus de inteligência, que esteja liberta da necessidade de retornar à Terra e que uma compreensão superior suprima o desejo de ver-se reencarnada. Então a alma escaparia ao mundo tridimensional e atingiria o estado a que os budistas chamam de Nirvana. Mas se ainda há um carma que deva ser cumprido, a alma recai no mundo dos desejos e retorna novamente à vida, talvez sabendo mesmo que falta alguma coisa para cumprir.
 
   A diferença entre a maioria dos homens e eu reside no fato de que em mim as “paredes divisórias” são transparentes. É uma particularidade minha. Nos outros, elas são muitas vezes tão espessas, que lhes impedem a visão; eles pensam, por isso, que não há nada do outro lado. Sou capaz de perceber, até certo ponto, os processos que se desenvolvem no segundo plano; isso me dá segurança interior. Quem nada vê não tem segurança, não pode tirar conclusão alguma, ou não confia em suas conclusões. Ignoro o que determinou a minha faculdade de perceber o fluxo da vida. Talvez tenha sido o próprio inconsciente, talvez os meus sonhos precoces, que desde o início marcaram meu caminho. 
 
   Quando criança, sentia-me solitário e o sou ainda hoje, pois sei e devo dizer aos outros coisas que aparentemente não conhecem ou não querem conhecer. A solidão não significa a ausência de pessoas à nossa volta, mas sim o fato de não podermos comunicar-lhes as coisas que julgamos importantes, ou mostrar-lhes o valor de pensamentos que lhes parecem improváveis. Minha solidão começa com a experiência vivida em sonhos precoces e atinge seu ápice na época em que me confrontei com o inconsciente. Quando alguém sabe mais do que os outros, torna-se solitário. Mas a solidão não significa, necessariamente, oposição à comunidade; ninguém sente mais profundamente a comunidade do que o solitário, e esta só floresce quando cada um se lembra de sua própria natureza, sem identificar-se com os outros. 
 
    É importante que tenhamos um segredo e a intuição de algo incognoscível. Esse mistério dá à vida um tom impessoal e “numinoso”. Quem não teve uma experiência desse tipo perdeu algo de importante. O homem deve sentir que vive num mundo misterioso, sob certos aspectos, onde ocorrem coisas inauditas – que permanecem inexplicáveis – e não somente coisas que se desenvolvem nos limites do esperado. O inesperado e o inabitual fazem parte do mundo. Só então a vida é completa. Para mim, o mundo, desde o início, era infinitamente grande e inabarcável. Conheci todas as dificuldades possíveis para me afirmar, sustentando meus pensamentos. Havia em mim um daimon que, em última instância, era sempre o que decidia. Ele me dominava, me ultrapassava e quando tomava conta de mim, eu desprezava as atitudes convencionais. Jamais podia deter-me no que obtinha. Precisava continuar, na tentativa de atingir minha visão. Como, naturalmente, meus contemporâneos não a viam, só podiam constatar que eu prosseguia sem me deter. Ofendi muitas pessoas; assim que lhes percebia a incompreensão, elas me desinteressavam. Precisava continuar. 
 
   Sinto-me contente de que minha vida tenha sido aquilo que foi: rica e frutífera. Como poderia esperar mais? Ocorreram muitas coisas, impossíveis de serem canceladas. Algumas poderiam ter sido diferentes, se eu mesmo tivesse sido diferente. Assim, pois, as coisas foram o que tinham de ser; pois foram o que foram porque eu sou como sou. Muitas coisas, muitas circunstâncias foram provocadas intencionalmente, mas nem sempre representaram uma vantagem para mim. Em sua maioria dependeram do destino. Lamento muitas tolices, resultantes de minha teimosia, mas se não fossem elas, não teria chegado à minha meta. 
 
   A idade avançada é uma limitação, um estreitamento. E, no entanto, acrescentou em mim tantas coisas: as plantas, os animais, as nuvens, o dia e a noite e o eterno no homem. Quanto mais se acentuou a incerteza em relação a mim mesmo, mais aumentou meu sentimento de parentesco com as coisas. Sim, é como se essa estranheza que há tanto tempo me separava do mundo tivesse agora se interiorizado, revelando-me uma dimensão desconhecida e inesperada de mim mesmo.

sábado, 11 de dezembro de 2021

A experiência do Despertar

Karlfried Graf Dürckheim
(1895 – 1988)
  A experiência iniciática, isto é, dos que estão no caminho do despertar, pode ter a doçura de um sopro ou ser uma transformação poderosa. Em ambos os casos, ela é libertadora. O que impede o acesso ao Caminho são sobretudo as imagens e pensamentos que nos assaltam, quando procuramos meditar. 
 
   O homem se encontra dividido entre dois polos: sua essência e seu eu mundano. De um lado se ergue o eu condicionado, preocupado com sua felicidade e segurança. De outro lado, se erige a essência, que é a vida maior que está presente em nós e nos busca. 
 
  Todas as coisas guardam um segredo que começa a se revelar quando estamos no Caminho certo. O homem transformado é o homem inteiro; ele é o homem aberto ao divino, que em sua essência ele é também. Ao me separar de Ma, uma mulher sábia da Índia, ela me disse: "Não se esqueça que a gota pode saber que ela se encontra no oceano, mas raramente se apercebe que o mar inteiro está nela." 
 
É a tradição mística que tem acesso à verdade essencial. Por certo, ela não é capaz de fabricar aviões e de conquistar o espaço, mas a verdadeira conquista do homem não é a conquista de si mesmo? Aquele que tem "ouvidos para ouvir" pode perceber a "pequena voz" a todo momento, até mesmo nas menores situações. 
 
"Uma única coisa é necessária". Eis uma palavra de Cristo que retoma um grande valor em nossos dias, em que o homem só pensa em fazer, fazer e ainda fazer coisas extraordinárias. Se alguém fizer a grande experiência do Ser, então de um momento para outro sua vida é transformada: ele não tem mais medo da morte, aceita o absurdo e não sente solidão. 
 
Eu procuro seguir os ensinamentos do Cristo e não os de Buda. Meu objetivo não é propor experiências de iluminação, mas seu fruto, que é a transformação da pessoa. São mais numerosos do que se imagina os que fazem a experiência do Numinoso, que invade subitamente toda a vivência do ser humano. 
 
É na solidão e no silêncio em relação aos conceitos que o divino nos encontra. Cada meditação é um esforço para entrar nessa solidão e silêncio. No caminho do despertar, a presença de um sofrimento indica que não se está em contato com o Ser. Estando em contato com o Ser, nada pode nos atingir. É justamente no âmago do sofrimento que se encontra um diamante negro, com um brilho extraordinário.
 
A diferença entre o homem natural e o homem iniciado se torna evidente em sua atitude em relação ao sofrimento. Para o homem natural, o sofrimento é fonte de medo, mas o homem desperto, na aceitação do que parece inaceitável, poderá encontrar a possibilidade de atingir uma Realidade mais profunda e ter acesso a uma Força Atuante, sempre presente em nosso espírito. 
 
Quando a transcendência nos toca, ela nos faz tremer no plano do ego. Porque onde o homem encontra a transcendência, ele sente a exigência de apagar o ego ou, pelo menos, que ele perca sua posição central.

sábado, 4 de dezembro de 2021

AutoLibertação

Anthony de Mello
Anthony de Melo foi um  padre jesuíta, nascido na Índia em 1931 e falecido nos Estados Unidos em 1987. Ele é internacionalmente conhecido por suas obras de espiritualidade, voltadas principalmente para o despertar do ser humano. Como padre, seu interesse maior não era a teologia,  mas ajudar as pessoas a se conhecerem e a  realizar o potencial de grandeza existente em cada um de nós. Seguidor dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, ele também incorporou aos seus ensinamentos as técnicas de meditação hindu e budista. Dois nomes se destacam no caminho seguido por Anthony de Melo: Krishnamurti e Carl Rogers. Anthony de Melo deixou sua mensagem através de uma extensa bibliografia, da qual faço referência especial ao livro "AutoLibertação."

AutoLibertação

Se você sofre é porque está dormindo. Por certo a dor existe, mas não o sofrimento. O sofrimento não é real, mas uma obra da sua mente. Se você tem problemas é porque está adormecido. A vida não é problemática.

Você deve entender que o sofrimento não está na realidade, mas em você mesmo. Por isso, em todas as religiões prega-se que é preciso morrer para o “eu”, morrer para si mesmo, para voltar a nascer. Este é o verdadeiro batismo, que faz surgir o homem novo. A realidade não causa problemas, mas os problemas nascem da mente, quando estamos dormindo. Você mesmo é quem cria os problemas.

A dor existe, e o sofrimento só aparece quando resistimos à dor. Insuportável é querermos distorcer a realidade.

Não se deve procurar pela felicidade onde ela não está nem tomar a vida pelo que não é vida, porque assim estamos criando um sofrimento, que é apenas o resultado de nossa cegueira, e com ele a angústia, o medo, a insegurança. Nada disso existe, a não ser em nossa mente adormecida. Quando despertamos, tudo acaba.

Se você é capaz de reconhecer que está adormecido, se tem consciência de que não está acordado, já deu pelo menos um passo. Pois a pior e mais perigosa manifestação  daquele que dorme é achar que está acordado e confundir seus sonhos com a realidade. A primeira coisa de que alguém necessita para despertar é saber que está dormindo, que está sonhando.

A base do sofrimento é o desejo, o apego. Quando sentimos um desejo compulsivo por alguma coisa, colocando nisso todas as nossas ânsias de felicidade, estamos nos expondo à desilusão, caso não alcancemos o que pretendemos. Onde não existe esse tipo de apego, não existe medo, porque o medo é a face oposta do desejo, sendo ambos inseparáveis.  Sem esse tipo de desejo, ninguém jamais poderá nos intimidar nem controlar ou roubar porque, se não temos desejos, não vamos temer que nos roubem qualquer coisa.

Despertar é a única experiência que vale a pena. Abrir bem os olhos para ver que a infelicidade não vem da realidade, mas dos desejos e das idéias equivocadas. Para ser feliz não é preciso fazer coisa alguma além de desfazer-se de falsas idéias, das ilusões e fantasias que não nos permitem ver a realidade.

A pessoa deve estar disponível para aceitar o que é novo a cada momento, sempre limpa de lembranças e emoções. Quando nos encontramos com alguém, temos de deixar para trás todo o passado – tanto as boas como as más lembranças - para poder perceber o outro com clareza, para nos manter abertos ao seu presente, sem o relacionar com qualquer imagem, a não ser com a realidade do momento presente.

Vamos olhar tudo que esteja ao alcance de nossa vista, sem dar nome a coisa alguma. Procuremos ir além do conceito e ver a realidade que existe em cada coisa. Não poderemos explicar por palavras, porque não existem rótulos para a realidade. Por isso, o místico não tem vontade de falar. Como explicaria o mundo que ele descobre, vivendo na realidade que sua sabedoria desvenda? Ele só nos conta parábolas, para ver se conseguimos captar sua essência. A mesma coisa fazem  os poetas. Léon Felipe disse: “A distância entre um homem e a realidade é um conto”. Por meio de um conto, o poeta nos faz captar a realidade, sem rótulos. Não se pode narrar o que é inefável, que vai além dos conceitos, como acontece nos Evangelhos.

domingo, 14 de novembro de 2021

Meditar é regressar ao lar

Paule Lebrun
Você está passeando no campo um domingo pela manhã. Como é belo! há flores. E de repente, decorridos dez minutos, você percebe que nada viu, nada sentiu, nada entendeu. Você estava completamente absorvido pelo discurso interior.

Se você volta ao momento presente, percebe, então, a carícia do vento sobre sua pele, escuta o grito das crianças, toma consciência do amarelo das laranjeiras no campo. Esse incessante discurso interior constitui o principal obstáculo ao conhecimento e à realização de si mesmo.

Chega-se a esquecer que nossa natureza de base é o silêncio interior e que, quando tocamos as praias desse silêncio, sentimos ao mesmo tempo o êxtase de existir.

Para um bom número de tradições orientais, não existe um Deus exterior a nós mesmos. Só existem seres realizados, despertos e outros que não o são. Somos todos Budas ainda não realizados.

Todas as técnicas de meditação visam à mesma coisa: Despertar a pessoa, tirá-la da semiconsciência da vida ordinária. Como? Estando presente. Unicamente estar presente. Dia após dia. Estar presente. Sem interferir. Estar presente à sua respiração, sem modificá-la. Estar presente aos pensamentos, às emoções, às sensações, tornar-se a testemunha de si mesmo.

Uma das primeiras descobertas do meditante consiste em ver todo o funcionamento interno da formação dos pensamentos e imagens. Não de forma conceitual, mas pela simples observação.

Meditar é também entrar em contato com o que não muda em nós. Os sufis chamam isso o estado de hospedeiro. Há o hospedeiro e os convidados (os pensamentos, as emoções). Não confundir o que hospeda e os convidados. Não se identificar com os convidados. Eles não estão  aí para permanecerem.

Meditar não é nada mais do que regressar ao lar. Na realidade, não há nada a fazer na meditação. Meditar é simplesmente voltar para casa e repousar um pouco. Não há outro lugar para ir na meditação, mas tão só estar lá e ocupar todo o espaço em que se está. É isto a meditação.

domingo, 3 de outubro de 2021

Desidentificação

Osho
Se um pensamento está se movendo em sua mente, apenas observe isto – de repente, você vai ver que o pensamento está ali e você está aqui, e não tem mais nenhuma ponte. Não observe e você se torna identificado com o pensamento. Observe e você não é ele.

A mente existe por estar identificada com as coisas. Não mente significa estar desidentificado delas. Na verdade você não é uma mente. Então, quem é você? Você é consciência, você é o observador, você é a testemunha, você é o puro observador, aquela qualidade de espelho que reflete tudo, mas que nunca se identifica com nada.

O dia em que a pessoa percebe que ela é consciência, ela conhece o supremo, porque no momento em que ela sabe “eu sou consciência”, ela também sabe que tudo é consciência, apenas em planos diferentes. A pedra é consciência da sua própria maneira, a árvore é consciência da sua própria maneira, e assim também os animais e as pessoas. Tudo é consciência à sua própria maneira; e consciência é como um diamante multifacetado. No dia em que você souber “eu sou consciência”, você terá descoberto a verdade universal, você terá alcançado a realização.
 
Sócrates diz: “Homem, conhece-te a ti mesmo.” Este é o ensinamento de todos os Budas: “conhece-te a ti mesmo”. Como é que você vai fazer para conhecer-se a si mesmo? Se a sua mente fica muito ativa e está fazendo muito barulho em torno de você, você nunca vai ouvir a pequena e silenciosa voz que existe dentro de você.

Você tem que se desidentificar da mente. Gurdjieff costumava dizer “todo o meu ensinamento pode ser condensado em uma única palavra e esta palavra é desidentificação”. Ele está certo. Não apenas todo o seu pensamento, mas todo o ensinamento de todos os mestres pode ser condensado nesta única palavra: desidentificação.”

sábado, 25 de setembro de 2021

Antologia do Êxtase

Pierre Weil

Cerca de vinte anos atrás, uma experiência inusitada provocou uma reviravolta em minha vida, consagrada à pesquisa científica e ao ensino da psicologia na Universidade.


Sob a influência de uma iniciação recebida de Muktananda, tive a experiência da elevação da energia primordial da Kundalini. Fui inundado por uma alegria imensa e por uma irresistível disposição para auxiliar os outros a passarem por esse tipo de experiência. Um amor imenso por toda a humanidade tomou conta de mim. Permaneci nesse  estado de graça por vários dias.

Qual a vantagem para o homem contemporâneo, imerso nesta civilização científica e tecnológica que oferece tanto conforto, em tomar contato com testemunhos de uma experiência interior de natureza espiritual e mística? Não estaria tudo isso ultrapassado pela investigação científica?

Um exame mais atento dessa questão leva-nos a uma resposta mais do que evidente. Observando-se o que se passa no mais íntimo do coração daqueles que atingiram esse nível de conforto, é fácil comprovar que a felicidade que almejavam obter com tal conforto não foi alcançada. Além disso, uma certa nostalgia toma conta de sua alma: a nostalgia de um paraíso perdido que eles confundiram com esse conforto; continuam a buscar por um estado de consciência que se encontra neles mesmos.

"O Reino do Pai está em vós", já dizia Jesus e Buda insistia em que o fim do sofrimento humano se encontra na descoberta da verdadeira natureza do espírito que está em nós. Esta descoberta é acompanhada de um estado de paz e de uma plenitude indescritíveis.

Ora, é justamente desse estado de Sabedoria primordial e de Amor que o homem contemporâneo mais necessita. Sua neurose fundamental, à qual denominamos de "neurose do paraíso perdido", provém justamente dessa separação resultante de um véu - o véu de Ísis - que separa nosso estado de vigília do estado transpessoal. Da árvore do conhecimento do bem e do mal, isto é, da percepção dualista do real, ele é capaz de regressar à árvore da vida. O paraíso encontra-se em nós mesmos, em cada um de nós, sem exceção.

Uma vez tocado pelo transpessoal, não há retorno possível. Pouco a pouco percebemos que não estamos sós, que existe uma Presença que nos guia, através de um aprendizado nem sempre fácil e, por vezes, doloroso.

Quando algum dia, no 3º milênio, se indagar qual tenha sido a mais importante descoberta do século XX, a resposta será o estado transpessoal da consciência ou consciência cósmica.

Os estados místicos e as perspectivas das grandes tradições espirituais da humanidade atraíram a atenção de muitos físicos. Ao retornar da Lua, o astronauta Edgard Mitchell declarou: "Mais importante que a exploração dos espaços exteriores, é a investigação dos espaços interiores". Foi em conseqüência de uma experiência mística, ocorrida durante a viagem espacial, que ele abandonou sua profissão para se dedicar a pesquisas e criar um instituto de ciências noéticas.

A Declaração de Veneza, da Unesco, assinada por diversos prêmios Nobel, reconhece que a ciência atingiu os limites onde se revela a necessidade de sua aproximação com as tradições espirituais. Além disso, trata-se de um grito de alerta com respeito à aplicação unilateral da tecnologia científica, divorciada da sabedoria primordial.

sábado, 18 de setembro de 2021

O Retorno do Rishi

Dr. Deepak Chopra

"Todo o universo existe dentro de ti;
pergunta-te tudo a ti mesmo"

Deepak Chopra (1946) é um médico indiano radicado nos Estados Unidos. Tenho por ele uma grande admiração, por sua enorme contribuição à autêntica medicina, voltada para o homem integral; dele se pode dizer que é um médico do corpo e da alma. Infelizmente, a grande maioria de nossos médicos se ocupam apenas de sintomas e se esquecem de que "não há remédio que cure o que a felicidade não cura".

O Retorno do Rishi

"O Universo pertence a cada indivíduo que nele habita; é dele, se quiser. Pode desviar-se dele; pode encolher-se num canto e abdicar de seu reinado, como a maioria dos homens. Mas, por sua própria constituição, o homem tem direito ao mundo". (Ralph Waldo Emerson)

Emerson nos lembra que não devemos ser pequenos. Toda vez que leio seus textos, sinto o sol irradiando de uma alma, me vejo em companhia de um deus andarilho, vibrante e queimado de sol, que me traz notícias de uma terra quente e vital. Sobre essa terra ele vagueia como senhor absoluto. "O homem é um deus em ruínas. Quando os homens são inocentes, terão vida longa e passarão para a imortalidade tão suavemente como acordamos de nossos sonhos".

Um dos Upanishads diz: "Quando a mente é dominada por seu próprio esplendor, então não há mais sonhos; a alegria e a paz descem sobre o corpo". "A natureza da consciência pura é o silêncio pleno. Nesse estado, a mente parece um lago, grande e completamente sereno, límpido e transparente até o fundo, mas tão delicado que se agita com a queda de uma simples pétala em sua superfície."   Maharishi Mahesh Yogi

"Bem-aventurança", ou aquilo que os Vedas chamam ananda, é um atributo permanente do eu superior. Além deste há sat e chit, que significam "imortalidade" e "consciência". Quando Maharishi diz  que o homem é sat chit ananda, consciência em bem-aventurança eterna, simplesmente quer dizer que sempre fomos conscientes e sempre seremos. Nossa alegria será perene, estaremos em beatitude, o inesgotável riso do céu nos pertence.

A beleza dessa maneira de ver torna possível a felicidade permanente. Para isso, devemos entrar em contato com o Ser, o nível fundamental do Eu Superior. Para Maharishi, o grau de felicidade na vida de uma pessoa é apenas o grau de beatitude que ela trouxe do Ser para o estado ativo de vigília. Alcançamos o eu superior através da meditação, conseguindo uma nova carga de ananda a cada dia. Este mundo imperfeito é resultado de nossos pensamentos doentios. Nós o criamos. Para curá-lo, devemos aprender a ver nossos semelhantes através da luz do amor.

Quando o amor crescer e se instalar em nós, crescerá no mundo como um todo. Uma nova realidade surgirá, alicerçada em saúde, felicidade e liberdade pessoal. A meta não está tão distante. Quando o conhecedor maior, eterno, aquele que sabe - o rishi - despertar em nós.
 

domingo, 27 de junho de 2021

Terapia do Amor


Dr. Rahasya Fritjof Kraft
"Terapia do Amor - libertando-se da dor através do amor" é da autoria do médico e terapeuta espiritual Dr. Rahasya Fritjof Kraft. Com base em suas experiências místicas e médicas no Oriente, esse alemão, que teve a vida transformada pela meditação e pelo amor, ensina como podemos superar nossos medos e encontrar a felicidade nas coisas mais simples da vida. Para ele, o "sim" é uma palavra mágica, que dissolve nossas dores e sofrimentos.
      

                               
Terapia do Amor

Em 1998, no grupo "O Caminho do Amor", eu estava desesperado porque não despertava. Então, decidi fazer um retiro com Gangaji. Antes do retiro começar, naquela manhã de 24 de abril, eu estava sentado num banco, quando a identificação com a personalidade desapareceu, juntamente com todo o sofrimento. Eu não tenho a menor ideia por que a desidentificação aconteceu nesse momento. Veio do nada. A graça simplesmente baixou. Nesse momento específico a busca cessou. Foi o fim do sofrimento psicológico, porque terminou a identificação com tudo o que tem forma.

Gurdjieff dizia que o verdadeiro buscador tem de ficar esperto, porque o mundo é enganador, é ardiloso. Se você não estiver alerta, ele vai continuar enganando você. Ele tirou de você todos os tesouros e só deixou lixo. Você tem que estar alerta, muito alerta e ser mais astuto para não se deixar enganar, mas sem fazer muito alarde. É igual a um prisioneiro que foge da prisão. Se fizer muito barulho, será pego. Ele precisa ser muito silencioso, não fazer barulho nenhum, como se nada estivesse acontecendo. Ele só está tentando recuperar o que lhe foi tirado. As pessoas estúpidas não fogem da cadeia; é preciso muita inteligência. E a meditação certamente libera muita inteligência. É o único método que libera a sua inteligência, aguça a sua consciência e o torna mais consciente.

O sofrimento psicológico é um engano. Isso porque é você o observador que observa o sofrimento no seu corpo-mente. Portanto, você não pode ser o sofrimento, porque você é a consciência do sofrimento. Se você se identifica com o sofrimento, a consciência não está presente. O sofrimento não é você. O sofrimento acontece em você, da mesma maneira que acontece o prazer.

Não existe nenhum fato que provoque dor psicológica. É a interpretação dele que causa a dor. A dor é criação sua, porque é a sua interpretação. Abandone as interpretações e o fato será apenas um fato, nem doloroso nem agradável.

Os pensamentos são como ladrões - quando alguém se distrai, eles entram. Se há alguém presente, alguém em casa, eles seguem seu caminho em busca da primeira vítima.

Quando você desperta, o que para é a parte da mente que causa sofrimento. A mente funcional permanece depois que a pessoa desperta. O que para é a identificação com o pensamento, o apego ao pensamento.

A beleza das projeções é que, sendo conscientes, elas nos mostram o que está sendo negado interiormente. Portanto, não interrompa uma projeção porque não funciona. Em vez disso, projete e esteja consciente de que é projeção. Então, o outro, sobre quem você projeta, torna-se um espelho no qual você se vê. Num primeiro momento, pode ser desagradável, mas essa imagem refletida será a chave para libertar-se pelo amor.

sábado, 22 de maio de 2021

O Momento de Cristo

Dom John Main
(1926-1982)

Dom John Main, OSB.Fundou a "Comunidade Mundial para a Meditação Cristã"

Deixou um legado espiritual e uma comunidade que continua a inspirar indivíduos e grupos em todo o mundo.

 

                  O momento de Cristo

O homem ou a mulher verdadeiramente espirituais são aqueles que descobriram a harmonia dentro de si mesmos e que vivem esta harmonia com a criação e com Deus.

O que aprendemos na meditação é que estar em nosso próprio centro é estar em Deus. Este não é apenas o grande ensinamento de todas as religiões orientais, mas é a visão fundamental do cristianismo. Segundo as palavras de Jesus, "o reino do céu está dentro de vós".  E o reino, de acordo com o ensinamento de Jesus, é uma experiência. É uma experiência do poder de Deus. É uma experiência da energia básica do universo. E, ainda, segundo a visão de Jesus, este poder e esta força básicos se resumem no amor.

Cada um é convidado a descobrir a validade de tal afirmação por experiência própria. O convite é feito no sentido de descobrir, no centro, a energia e o poder e, no silêncio, descobrir a paz que supera todo entendimento.

E o maravilhoso da experiência da meditação profunda é que despertamos para a realidade - uma realidade que está em toda parte. E não podemos conhecer esta realidade de fora para dentro, porque não existe realidade fora de Deus. É por isso que precisamos entrar dentro de nós mesmos.

Precisamos abandonar o mundo da ilusão e entrar no mundo da realidade. A paz dentro de nós está além de todo entendimento e somos convidados a entrar plenamente na experiência dessa paz.

O que lhes sugiro é que vocês tentem reservar um espaço de tempo, a cada manhã e a cada noite, para permanecerem quietos, em silêncio, e desfrutarem a paz de Deus. Como Jesus nos diz, a vida eterna consiste em conhecer o Pai celeste.

Na meditação, nós nos afastamos de tudo o que é transitório, a fim de conhecermos o que é eterno.

Uma coisa que aprendemos na meditação é a prioridade do ser sobre o agir. Aprender a ser é aprender a começar a viver da plenitude da vida. Este é o convite que lhes faço: aprender a ser uma pessoa plena. A arte de viver como seres plenamente humanos é a arte de viver da eterna novidade de nossa origem, viver de nosso espírito tal como jorra da mão criadora de Deus.

sábado, 24 de abril de 2021

O Caminho da Sabedoria

Trigueirinho
Preste muita atenção ao momento que passa, ao que você está fazendo AGORA, porque do "agora" depende seu "amanhã".  O que importa antes de tudo é o momento presente. Nosso sofrimento resulta do desconhecimento da verdade básica: Deus dirige todos os acontecimentos, porque está em tudo.

Deus é a Energia Cósmica  universal, que habita dentro de você e de tudo o que existe nos universos infinitos, dando-lhes vida e força. Todo aquele que compreende a vida, que sabe dizer uma palavra de conforto, que sabe distribuir alegria, é rico, imensamente rico de bondade que jamais se esgota.

Nossa vida e nossa felicidade dependem exclusivamente de nossos pensamentos e de nossas palavras. A morte não existe. O que se dá é apenas uma transformação em nossa maneira de ser. Procure ser agora, antes da morte, aquilo que você deseja continuar a ser depois da morte. O céu está dentro de você. Aprenda a viver no paraíso. Não é preciso morrer para ir para o céu. Aprenda a criar o paraíso da alegria.

Não é só de pão  que vive o homem, mas também da sabedoria e esta você a encontrará na leitura de bons livros e no convívio com pessoas boas. Cuide de sua mente, para que a saúde se reflita em todo o seu corpo. Colecione os tesouros das boas obras, do bem que pratica em benefício do próximo, porque essas riquezas o acompanharão além-túmulo. Convença-se de que o mundo não é um parque de recreio, mas um lugar de trabalho, uma escola de aprendizado intensivo. Já pensou em agradecer a Deus pelo ar que respira, desde que nasceu, sem que jamais lhe tenha faltado? O ar está sempre à sua disposição, de graça.

Demonstraremos nosso amor a Deus, que não vemos, sabendo amar as criaturas que vemos e que vivem em torno de nós. A sabedoria surge no coração e só pode ser adquirida por meio da meditação. Até os analfabetos podem conquistar a sabedoria, se souberem meditar em seus corações sobre as grandes verdades. Dê a mão a cada criatura que se lhe aproxima; diga sempre uma palavra de conforto e carinho; tenha para todos um sorriso de bondade e a verdadeira felicidade passará a constituir seu clima permanente de vida.

A alegria é um medicamento divino. Mesmo entre sofrimentos e dores, busque ser alegre, porque a alegria é o melhor remédio para nos dar felicidade. Não pretenda que todos pensem como você. Cada pessoa está num grau diferente de evolução, num degrau diverso da grande subida. Ninguém pode destruir esta verdade: Deus está dentro de você. Saiba descobri-lO e terá conquistado a felicidade.

Lembre-se de que o amor ao próximo é o segredo de nossa felicidade. Não fale mal de ninguém, não cultive ódio em seu coração. Jogue fora o que lhe fizeram de mal. Uma única pessoa lucrará com o seu perdão: você mesmo, que libertará seu coração do peso  da mágoa e do ódio.

domingo, 28 de março de 2021

O Coronavírus na visão Budista

Discípulo:
Mestre, é tão difícil entender o por que de um vírus tão agressivo. Qual é o propósito?

Mestre:
Aprendizado. Essa pandemia foi gerada pelo homem, através das constantes violações das leis universais.

Discípulo:
Mas algo tão ruim vai causar muita destruição.

Mestre:
O coronavírus não é ruim. Também não é bom. É necessário, o que é muito diferente. Não há nada errado com o universo. Se o coronavírus está presente é porque a Divindade permitiu, de outra forma ele não poderia existir. A idéia de bem e mal é gerada em sua mente, que julga a partir da sua ignorância um evento que por si só é neutro.

Discípulo:
Mas tantas pessoas estão sendo infectadas no mundo, tantas outras ficarão sem comer. Muitos idosos, homens e mulheres. Isso é muito injusto.

Mestre:
O injusto não existe no amor universal. Isso existe apenas em sua mente que não entende o propósito profundo. O que existe é o justo, o preciso, o exato, o correspondente. Existe um processo evolutivo necessário que consiste em uma coleta constante de informações. Um aprendizado enfrentando as dificuldades que a vida nos apresenta, para que, em meio ao caos e ao sofrimento gerado, descubramos o princípio do amor que se encontra na própria vida.


E esse princípio de amor é o que nos libertará das limitações humanas e nos fará corresponder às experiências com muito mais satisfação e harmonia. Você precisa entender que ninguém experimenta uma experiência que não corresponde a ela. E se corresponder a ela, ele a viverá, seja na resistência, na cura ou na morte física. O coronavírus não é ruim. É uma boa oportunidade, pois muitas pessoas estão aprendendo com isso. O nível de consciência do planeta está subindo, estamos sentindo a necessidade de desenvolver grandes ferramentas de amor, como a aceitação, a paciência, a tolerância, o respeito por nós e por todos os seres vivos. Pode ser um teste difícil, mas não é ruim. Você poderá crescer graças a ele. Se você parar de ver o coronavírus através dos medos e começar a vê-lo pelo seu entendimento, poderá reconhecer
o valor que existe nele. Então você passará neste teste que a vida está lhe apresentando.


A decisão está em você. Você recebeu o poder de tomar decisões através do seu livre-arbítrio, e estas serão respeitadas por todo o universo. Você pode escolher o medo ou escolher o amor. A decisão é sua. Neste momento, qual a decisão que você está tomando? Você escolheu medo ou o amor? A escolha é sua, mas terá um resultado, que também é seu e você terá que assumir. Se você decidiu pelo medo, irá gerar destruição na sua paz, na sua energia vital, nos seus relacionamentos e na sua saúde.

Se você decidiu amar, passará no teste que a vida lhe apresenta e não precisará mais sofrer para o aprendizado dessa importante lição.
Tenha como opção o amor, porque ele é sempre o melhor caminho.

Discípulo:
E como faço para trilhar o caminho do amor e não o do medo?

Mestre: 

1. Torne-se um ser imperturbável, invulnerável. Busque a sua força interior e trabalhe a sua transformação, para que sua paz e felicidade não dependam do externo.
2. Pare de ver problemas e comece a ver oportunidades, as quais você pode aproveitar para fazer o crescimento interior.
3. Desenvolva a aceitação. Tudo o que acontece é perfeito, e se existe e acontece é porque tem um propósito
4. Aprenda a fluir, superando os obstáculos e os desafios. Desenvolva a sua capacidade de adaptação às novas situações e circunstâncias. Aja com sabedoria em vez de reagir com a incompreensão.
5. Observe seu pensamento para que ele vibre apenas na alta freqüência do amor. Isso lhe trará clareza de espírito e serenidade.
6. Não compartilhe seus medos com os outros. Compartilhe apenas seu entusiasmo, otimismo e a sua alegria.
7. Vigie seu verbo para que as suas palavras criem harmonia e faça com que os outros se sintam confiantes e seguros.
8. Faça amizade com o coronavírus. Não o veja como algo ruim, mas como algo necessário. E fale com ele: "O que você está me ensinando?" “Você é valioso para mim e estou disposto a aprender o que você pode me ensinar." "Assim que eu aprender, você pode ir, porque não vou mais precisar de você."
9. Aproveite a oportunidade que a vida lhe apresenta neste momento para fazer um trabalho interior, talvez um dos mais importantes dessa experiência. 

Que a felicidade esteja sempre em sua caminhada.
O que vale a pena ser feito, vale a pena ser bem feito.
O que traz ânimo, esperança e alegria aos corações deve ser divulgado e compartilhado.

sábado, 20 de março de 2021

Ho'oponopono

Hew Len
O Ho'oponopono é um antigo sistema de cura das tradições ancestrais  havaianas. O Ho'oponopono tornou-se popular e mundialmente conhecido graças ao Dr. Ihaleakala Hew Len, PhD.
A essência dessa técnica consiste em limpar nossas memórias, armazenadas no subconsciente, mas que continuam ativas, gerando todos os nossos problemas. 
 
A versão tradicional do ho’oponopono é composta por quatro frases principais:
 
   Sinto muito; me perdoe; eu te amo; sou grato.

Ho´oponopono

Quando você apaga alguma coisa no seu computador, para onde ela vai? Para a lixeira. Ela continua no computador, só que não podemos vê-las.

As suas memórias são assim, continuam em vocês, só que invisíveis. O que vocês precisam fazer é apagá-las completa e permanentemente.

Os meus problemas são memórias  que se repetem no meu subconsciente;  são como "antigas aflições renovadas".  Posso permanecer envolvido por essas memórias  ou posso pedir à divindade que as liberte por meio da transmutação,  devolvendo assim a minha mente ao seu estado natural de vazio, livre de memória.

Quando estou livre de memórias, sou meu eu divino, como a divindade me criou à sua exata semelhança. A partir do estado Zero, a divindade  faz com que eu veja as pessoas como a divindade. Quando trabalho com a divindade, as memórias transmutadas no meu subconsciente  são transmutadas no subconsciente das outras pessoas.

Vocês têm duas maneiras de viver a vida: a partir da memória ou da inspiração. As memórias são os antigos programas que voltam a ser executados; a inspiração é o divino transmitindo-lhes uma mensagem.

Vocês precisam viver a partir da inspiração. A única maneira de ouvir o divino e receber inspiração é limpar todas as memórias. O divino é nosso estado zero, onde  não há memórias, e não mais nada além do divino. Em nossa vida, temos momentos em que visitamos o estado de limite zero, mas na maior parte do tempo o que está se manifestando é lixo, memórias.

Existem quatro declarações que dizemos repetidamente ao divino para que ele purifique nossas memórias: Sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grato.

Apenas duas leis determinam as experiências: a inspiração da divindade  e a memória armazenada na mente subconsciente, sendo a primeira nova em folha e a outra, velha.