Js. |
Uma antiga lenda hindu
conta que houve um tempo em que todos os homens eram deuses. Mas eles abusaram
de tal maneira de sua divindade que Brahma, o mestre dos deuses, resolveu
retirar-lhes o poder divino e de escondê-lo em um lugar impossível de alcançá-lo.
Mas o grande problema era encontrar um lugar seguro para esse poder divino.
Os
deuses menores convocados para uma reunião, a fim de resolver o problema,
propuseram o seguinte: “Enterremos a divindade nas profundezas da terra”. Mas
Brahma respondeu: “Não, isto não é suficiente, pois o homem cavará a terra e a
encontrará”. Então, os deuses replicaram: “Nesse caso, lancemos a divindade no
mais profundo dos oceanos”. Mas Brahma não aceitou a nova proposta dizendo que,
mais cedo ou mais tarde, o homem explorará as profundezas de todos os oceanos
e certamente que um dia a encontrarão e tomarão posse do tesouro. Então, os
deuses menores concluíram: Sendo assim, não sabemos onde escondê-la, já que
parece não existir na terra ou no mar um lugar que o homem não possa um dia
descobrir.
Então Brahma disse: "Eis o que faremos da divindade do homem; nós a
esconderemos no mais profundo dele mesmo, em seu coração, pois este é o lugar
que ele jamais pensará em encontrá-la."
A lenda diz que, desde esse tempo, o homem percorreu a terra, explorou a lua, escalou as mais altas montanhas, mergulhou nas profundezas dos oceanos, penetrou na terra, sempre à procura de alguma coisa que se encontra nele.
A lenda diz que, desde esse tempo, o homem percorreu a terra, explorou a lua, escalou as mais altas montanhas, mergulhou nas profundezas dos oceanos, penetrou na terra, sempre à procura de alguma coisa que se encontra nele.
Esta lenda contém lições de sabedoria. Em primeiro lugar, ela nos mostra como sempre foi difícil para o ser humano se voltar para dentro de si mesmo. Somos seduzidos desde cedo pelo progresso da tecnologia e nossa vida é quase toda dedicada ao fazer. Vivemos na periferia da vida e poucos são aqueles que descobrem a sua mais profunda essência: o Ser, que é a nossa verdadeira natureza.
O maior obstáculo para vivenciar essa realidade é a identificação com a mente. Os pensamentos nos tornam pessoas sempre ausentes, de modo que não encontramos a área de serenidade interior, que é inseparável do Ser.
Mas o “paraíso perdido” pode ser recuperado e isto é o que tem acontecido com milhares de pessoas, tanto no passado como nos tempos atuais.
No século IV, Santo Agostinho conhecia esta verdade: “Os homens seguem-se maravilhados com as grandes alturas das montanhas, com as gigantescas ondas do mar, com as amplas corredeiras dos rios, os vastos limites dos oceanos, as trajetórias das estrelas, e passam por si próprios sem maravilhar-se.”
Essa maravilha de que fala Santo Agostinho é a centelha divina presente
em cada ser humano, o tesouro escondido que precisa ser descoberto.
Ramana Maharshi, um grande sábio indiano, aconselhava às pessoas que anseiam por descobrir essa Realidade interior a fazerem a si mesmas, nos momentos de quietude, a seguinte pergunta: “Quem sou eu?”. Não vale a resposta que a mente possa lhe dar. Você não é sua história de vida, seu nome, sua profissão, suas posses. Tudo isso são agregados acumulados pelo tempo. A revelação deve acontecer quando a pessoa está num estado de tranquilidade e receptivo para receber a resposta que vem do seu próprio interior. Um requisito básico para essa experiência é a humildade, que nos mantém pacientes e persistentes. Devemos esperar humildemente por esta revelação do Infinito, que está dentro de cada um de nós.
Neste sentido é que devem ser compreendidas as palavras de Jesus: “Graças te dou, ó Pai, Senhor dos céus e da terra, pois escondeste estas coisas dos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.”
Quando temos a sorte de descobrir a “boa nova” da presença divina em nós, percebemos quão alienados da verdade está o nosso mundo e compreendemos, então, a veracidade da lenda: “Eis o que faremos da divindade do homem; nós a esconderemos no mais profundo dele mesmo, em seu coração, pois este é o lugar que ele jamais pensará em encontrá-la.”
Muito bom!
ResponderExcluirParabéns pela bela postagem!
Que Deus o ilumine!
Às vezes se faz necessário parar um pouquinho e dar atenção a coisas interessantes. As respostas a perguntas feitas por fazer ...O longe perto infinito aberto e ao nosso alcance !
ResponderExcluir