Karlfried Graf Dürckheim (1895 – 1988) |
O homem se encontra dividido entre dois polos: sua essência e seu eu mundano. De um lado se ergue o eu condicionado, preocupado com sua felicidade e segurança. De outro lado, se erige a essência, que é a vida maior que está presente em nós e nos busca.
Todas as coisas guardam um segredo que começa a se revelar quando estamos no Caminho certo.
O homem transformado é o homem inteiro; ele é o homem aberto ao divino, que em sua essência ele é também.
Ao me separar de Ma, uma mulher sábia da Índia, ela me disse: "Não se esqueça que a gota pode saber que ela se encontra no oceano, mas raramente se apercebe que o mar inteiro está nela."
É a tradição mística que tem acesso à verdade essencial. Por certo, ela não é capaz de fabricar aviões e de conquistar o espaço, mas a verdadeira conquista do homem não é a conquista de si mesmo?
Aquele que tem "ouvidos para ouvir" pode perceber a "pequena voz" a todo momento, até mesmo nas menores situações.
"Uma única coisa é necessária". Eis uma palavra de Cristo que retoma um grande valor em nossos dias, em que o homem só pensa em fazer, fazer e ainda fazer coisas extraordinárias.
Se alguém fizer a grande experiência do Ser, então de um momento para outro sua vida é transformada: ele não tem mais medo da morte, aceita o absurdo e não sente solidão.
Eu procuro seguir os ensinamentos do Cristo e não os de Buda. Meu objetivo não é propor experiências de iluminação, mas seu fruto, que é a transformação da pessoa.
São mais numerosos do que se imagina os que fazem a experiência do Numinoso, que invade subitamente toda a vivência do ser humano.
É na solidão e no silêncio em relação aos conceitos que o divino nos encontra. Cada meditação é um esforço para entrar nessa solidão e silêncio.
No caminho do despertar, a presença de um sofrimento indica que não se está em contato com o Ser. Estando em contato com o Ser, nada pode nos atingir. É justamente no âmago do sofrimento que se encontra um diamante negro, com um brilho extraordinário.
A diferença entre o homem natural e o homem iniciado se torna evidente em sua atitude em relação ao sofrimento. Para o homem natural, o sofrimento é fonte de medo, mas o homem desperto, na aceitação do que parece inaceitável, poderá encontrar a possibilidade de atingir uma Realidade mais profunda e ter acesso a uma Força Atuante, sempre presente em nosso espírito.
Quando a transcendência nos toca, ela nos faz tremer no plano do ego. Porque onde o homem encontra a transcendência, ele sente a exigência de apagar o ego ou, pelo menos, que ele perca sua posição central.
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