segunda-feira, 29 de maio de 2017

Técnica de Centralização (2)

Osho
Pergunta: “A última técnica que você explicou dizia que, quando um sentimento contra ou a favor de alguém surgisse, não deveríamos colocá-lo na pessoa em questão, mas sim permanecer centralizados. Mas quando experimentamos esta técnica com nossa raiva, nosso ódio, etc., sentimos que estamos reprimindo nossas emoções”.

A expressão e a repressão são dois lados da mesma moeda. São contraditórios, mas, basicamente, não são diferentes. Na expressão e na repressão, em ambos, o outro é o centro.

Esta técnica não é de repressão e transforma a própria base tanto da expressão quanto da repressão. Esta técnica diz para não projetar no outro; você é a fonte. Expressando ou reprimindo, você é a fonte. A ênfase não está nem na expressão nem na repressão. A ênfase está em saber de onde vem essa raiva. Você tem de ir para o centro, para a fonte, onde surgem a raiva, o ódio e o amor. Quando você reprime, não está indo para o centro. Está lutando contra a expressão.

Esta técnica é para esquecer o outro completamente. Olhe apenas para a sua energia de raiva surgindo e vá bem fundo para encontrar a fonte dentro de si mesmo, de onde ela está vindo. E, no momento em que você encontrar a fonte, permaneça centralizado nela. Não faça nada com a raiva; não toque nela. Use-a apenas como um caminho. A raiva tem de ser usada, na verdade, como um caminho para encontrar a fonte. Isto vale para qualquer emoção.

Quando você reprime, não encontra a fonte; está só lutando com a energia que surgiu e que quer ser expressa. Você não pode expressá-la sobre “A”, mas expressa-a sobre “B” ou “C”. Sempre que encontrar alguém mais fraco do que você, expressará a energia.

A repressão nada mais é do que uma expressão adiada. Você simplesmente adiará. Você sente raiva de seu chefe e não pode expressar isso. Vai ter de engolir e, assim, vai esperar apenas até que possa expressá-la em sua mulher, em seus filhos ou em qualquer outra pessoa. Assim, a repressão não é outra coisa senão um adiamento.

Esta técnica não está nem um pouco interessada na repressão ou na expressão, mas usa sua emoção, sua energia, como um caminho para você ir fundo dentro de si mesmo.

Lembre-se de uma coisa: energia não é raiva nem amor. Energia é simplesmente energia – neutra. A mesma energia se torna raiva; a mesma energia se torna sexo; a mesma energia se torna amor; a mesma energia se torna ódio. Tudo isso são formas da mesma energia. Você dá a forma, sua mente dá a forma e a energia se move dentro dela.

Na fonte, a energia não tem forma. Por exemplo, a eletricidade é amorfa. Quando ela existe em um ventilador, tem um tipo de forma. Quando está em uma lâmpada, toma uma forma diferente. Você pode usá-la de mil maneiras. A energia é a mesma. A forma é dada pelo mecanismo no qual ela se move. A raiva é um mecanismo; o sexo é um mecanismo; o amor é um mecanismo. Quando a energia se move pelo canal do ódio, torna-se ódio. Se a mesma energia se mover pelo canal do amor, se tornará amor. Mas, quando ela se move para a fonte, é uma energia sem forma – energia pura. Então é inocente, porque a não-forma é inocência absoluta. É por isso que Buda parece tão inocente – como uma criança. A energia se moveu para a fonte.

Não exprima, porque estará desperdiçando sua energia. Não a reprima, porque então estará criando um fenômeno suspenso, que terá de ser aliviado. Então, o que fazer?

Esta técnica diz para não fazer nada com o sentimento em si. Volte para a fonte de onde ele vem. E quando a sensação ainda está quente, o caminho é claro, internamente visível..

Use os sentimentos para meditar. O resultado é milagroso, inacreditável. E uma vez que você encontra a chave que mostra como canalizar a energia de volta para a fonte, você passa a ter uma qualidade diferente de personalidade. Não está mais desperdiçando coisa alguma.

Sempre que alguém vai a um Buda ou a um Krishna, de repente sua energia sente uma alteração de clima, porque a fonte de poder é imensa. No momento em que se aproxima, você fica magnetizado. Porque a energia deles foi para a fonte, tornou-se amorfa, a própria presença deles está hipnotizando.

Quando a energia volta para a fonte original, você se torna um centro magnético. Esta técnica é para criar um centro magnético em você.

domingo, 21 de maio de 2017

O Encontro contigo mesmo

Huberto Rohden
Quantas vezes te encontras com teus amigos
E nunca te encontras contigo mesmo!
Não com o teu ego externo; sim, com o teu Eu interno.
O encontro com o teu centro resolveria os problemas das tuas periferias.
O encontro com tua alma resolveria os problemas da tua mente e do teu corpo.

Marca, a cada manhã cedo, um encontro com tua alma.
Longe de todos os ruídos da tua mente e do teu corpo.
Isola-te em profundo silêncio e solidão.
Esvazia-te de tudo que tens, e serás plenificado pelo que és.

Faz do teu ego uma total vacuidade; e serás plenificado pelo Eu divino.
Onde há uma vacuidade, acontece uma plenitude; é esta a maravilhosa matemática do Universo.
Entra, a cada manhã, num grande silêncio; num silêncio pleniconsciente.
No silêncio da presença.
No silêncio da plenitude.

Abre os teus canais rumo à fonte cósmica; e as águas vivas do Universo fluirão através de teus canais.
E nunca mais te sentirás frustrado, angustiado, infeliz.
Esse encontro com o teu centro de energia beneficiará
todas as periferias da tua vida diária.

Até os trabalhos mais prosaicos te parecerão poéticos.
E as pessoas antipáticas te serão simpáticas.
Nenhuma injustiça te fará injusto.
Nenhuma maldade te fará mau.
Nenhuma ingratidão te fará ingrato.
Nenhuma amargura te fará amargo.
Nenhuma ofensa te fará ofensor nem ofendido.
E estenderás o arco-íris da paz sobre todos os dilúvios das tuas lágrimas.

Se te encontrares contigo mesmo...
Isola-te, numa hora de profundo silêncio e solidão.
Mais tarde, serás capaz de estar a sós contigo em plena sociedade, no meio da tua atividade profissional.
E, então, terás resolvido definitivamente o problema da tua vida terrestre.

O mundo de Deus não te afastará mais do Deus do mundo.

sábado, 13 de maio de 2017

O Quarto Caminho

Ouspensky
A aquisição da consciência está relacionada com a liberação gradativa da mecanicidade.  Quanto mais consciente for, mais o homem se afastará da mecanicidade. O primeiro passo para a aquisição da consciência é a percepção de que somos mecânicos.

O despertar requer tempo, porque durante muito tempo estivemos em poder das emoções negativas e da identificação.

Se o homem não é consciente de si mesmo, ele vive abaixo de seu nível legítimo e usa apenas um décimo de seus poderes.

São muito poucos os que podem dar-se conta de que estão dormindo e fazer os esforços necessários para despertar.

Se destruirmos a identificação, as emoções negativas se tornarão mais fracas e perderão o seu poder, pois elas só trabalham com base na identificação.

Não podemos nos identificar e estar conscientes de nós mesmos. A presença de uma significa a ausência da outra.

É impossível o amor com identificação. A identificação mata todas as emoções, exceto as emoções negativas.

Devemos nos lembrar de nós mesmos; este é o princípio e o fim de tudo, porque, quando se tem isso, tem-se tudo

Se você pudesse manter a consciência de si mesmo, digamos, por dez minutos, veria muitas coisas que o surpreenderiam. Olhamos com os olhos e não vemos, mas se nos tornamos conscientes, começamos a ver coisas sobre as quais não temos a menor idéia.

Gastamos a nossa energia no errado caminho da identificação e das emoções negativas. Ambas são torneiras abertas pelas quais a nossa energia se escoa. Pare a identificação e terá a energia à sua disposição.

Se compreendermos que é a mecanicidade que nos impede de alcançar a nossa meta e o que nos ajuda é a consciência, a conclusão será que a consciência representa o bem e a mecanicidade, o mal.

Há livros nos quais estão escritos segredos muito profundos, mas as pessoas podem lê-los e nunca achar esses segredos. É que a compreensão depende não apenas do conhecimento, mas também do ser.

Se estamos lembrados de nós mesmos, não identificados, então nada do que acontece externamente pode provocar uma emoção negativa em nós.

domingo, 7 de maio de 2017

Um Texto Iluminado

Paulo Coelho
No vigésimo terceiro ano do reinado de Zhao, Lau Tsu percebeu que a guerra terminaria destruindo o lugar onde vivia. Como havia passado anos meditando sobre a essência da vida, sabia que em certos momentos é preciso ser prático. Resolveu, pois, tomar a decisão mais simples: mudar-se. Pegou seus poucos pertences e seguiu em direção a Han Keou. Na porta da saída da cidade, encontrou um guarda.
 
- Onde está indo tão importante sábio?  Perguntou o guarda.
- Para longe da guerra.
- Não pode partir assim. Eu gostaria muito de saber o que foi que aprendeu em tantos anos de meditação. Só o deixarei partir se dividir comigo o que sabe.

Apenas para se livrar do guarda, Lau Tsu escreveu ali mesmo um pequeno livrinho, cuja única cópia lhe entregou. Depois, continuou sua viagem e nunca mais se ouviu falar dele.

O texto de Lau Tsu foi copiado e recopiado; atravessou séculos, atravessou milênios e chegou até o nosso tempo.

Chama-se Tao Te King e está publicado em português por várias editoras e é uma leitura imperdível. Aqui vai uma de suas páginas:

“Aquele que conhece os outros é sábio.
Aquele que conhece a si mesmo é iluminado.

Aquele que vence os outros é forte.
Aquele que vence a si mesmo é poderoso.
Aquele que conhece a alegria é rico.
Aquele que conserva seu caminho tem vontade.”

“Seja humilde e permanecerás íntegro.
Curva-te e permanecerás ereto.
Esvazia-te e permanecerás repleto.
Gasta-te e permanecerás novo.”

“O sábio não se exibe, e por isso brilha.
Ele não se faz notar, e por isso é notado.
Ele não se elogia, e por isso tem mérito.
E porque não está competindo, ninguém no
mundo pode competir com ele.”