sábado, 23 de julho de 2022

Jean Klein

Jean Klein
1912-1998

O medo da morte se deve à nossa identificação com corpo e à mente e este erro não passa de um pensamento. Devíamos nos indagar: O que existe antes do aparecimento do pensamento? O que há quando o pensamento desaparece? Nós descobriremos uma Presença.

  É crucial conhecer a morte, enquanto estivermos em vida. Nós nascemos somente após a morte de tudo o que em nós é efêmero. Não existe vida após a morte porque não há morte. Só existe a Vida. A Consciência não é afetada pelo nascimento ou pela morte. Quando despertamos para o nosso verdadeiro "EU", aquilo que nós não somos perde toda a sua significação. A Consciência é anterior ao corpo, anterior ao pensamento. Ela é Conhecimento silencioso, livre de qualquer identificação. 

  Quando você aceita o seu sofrimento, ele se modifica. Apenas um objeto pode experienciar o sofrimento e você não é um objeto, mas o observador. Não quero dizer que o sofrimento não exista, mas ele é reduzido ao seu aspecto mais simples e funcional. Quando você resiste psicologicamente, você se torna  então um cúmplice do sofrimento. É apenas na aceitação que o corpo assume o comando, porque a origem do corpo é a saúde, a perfeição.

  Geralmente nós pensamos que um objeto existe fora de nós mesmo e tem uma existência independente, mas isso é somente uma crença; o pretenso objeto que estaria fora de nós precisa da consciência para ser percebido. A consciência e o objeto percebido  formam um só, somos nós que criamos, projetamos o mundo a cada instante. 

Um dia você se livrará do ego; ser subitamente livre do ego é uma iluminação súbita. Quando o pensamento entra em jogo, você jamais chegará a uma transformação; não é o pensamento que vê, mas sim a  consciência. O homem que despertou vive num estado permanente de alegria.

sábado, 16 de julho de 2022

O Conhecimento Silencioso

Wayne Dyer
1940-2015
Ontem,  enquanto escrevia este livro aqui em Maui, vivenciei um saber que tentarei explicar a vocês. Uma japonesa fora resgatada das ondas e  seu corpo estava inchado devido à ingestão excessiva de água salgada. Ajoelhei-me ao seu lado junto a outras pessoas, tentando reanimar seu coração por meio de procedimentos de ressuscitação cardio-pulmonar. Enquanto muitos de seus amigos japoneses choravam de angústia, ao mesmo tempo que a vã tentativa de ressuscitação prosseguia, de repente, tive uma calma percepção do espírito dessa mulher flutuando acima de nossos esforços para salvá-la. Enquanto observava a cena de salvamento na praia, senti a presença de uma bem-aventurada e serena energia e soube, de um modo inexplicável, que ela não seria reanimada e que não estava mais ligada ao corpo que tantas pessoas bem-intencionadas, inclusive eu, tentavam trazer de volta à vida.

Esse saber calmo me fez levantar, juntar as mãos e dizer uma prece silenciosa por ela. Éramos de partes diferentes do mundo e nem mesmo compartilhávamos o mesmo idioma, mas me sentia conectado a ela. Sentia-me sereno, com o conhecimento de que seu espírito e o meu estavam de algum modo conectados pelo mistério da natureza transitória e efêmera de nossas vidas físicas.

Enquanto me afastava, a dor da morte não estava dominando meus pensamentos; em vez disso, eu sabia e sentia que a partida do espírito dessa mulher, do que era agora um corpo sem vida e inchado, fazia parte, inexplicavelmente, da perfeita ordem divina, Eu não tinha como prová-lo. Não possuía provas científicas, eu não achava isso — sabia isso.  Esse é um exemplo do que quero dizer com conhecimento silencioso. Ainda sinto sua presença enquanto escrevo, 24 horas depois.

Em "O poder do silêncio," Carlos Castañeda descreve o conhecimento silencioso como “algo que todos nós temos, algo que tem mestria e conhecimento completos de tudo. mas não consegue pensar; portanto, não consegue falar do que sabe. O homem renunciou ao conhecimento silencioso pelo mundo da razão; quanto mais se agarra ao mundo da razão, tanto mais efêmero se torna o intento”.

Um grande mestre da minha vida, Krishnamurti, disse: "Estar vazio, completamente vazio, não é uma coisa terrível; é fundamental para a mente estar vazia, livre, pois só então ela pode mover-se para profundidades desconhecidas".