quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

MINHA BUSCA PELO DESPERTAR

Alsibar Barbosa
Alsibar Barbosa é um cearense, filho de Juazeiro do Norte, cuja infância foi marcada pelos rígidos preceitos da religião católica. Desde cedo lhe ensinaram a ver no Padre Cícero um Avatar do Sertão. Mas, ainda jovem, passou a questionar todas essas crenças e percorreu um caminho de sofrimentos,  dúvidas e crises existenciais. 

Começou, então, uma jornada de intensa busca sobre o verdadeiro significado da vida. As primeiras luzes lhe apareceram através do budismo, ao ler o livro “O Pensamento Vivo de Buda”.  Outro marco importante na sua vida foi a leitura do livro “Autobiografia de um Yogue”, de Yogananda.

Vieram depois as leituras sobre ocultismo, religiões orientais, psicologia transpessoal de Jung; lia tudo com grande voracidade e entusiasmo. Mas, ainda assim, toda essa busca não foi capaz de lhe dar a paz e a fortaleza interior de que tanto precisava.

Surgiram-lhe, então, as crises em todas as áreas de sua vida : saúde, profissional, pessoal e, por fim, existencial. Diz ele: "Toda minha ´fortaleza´ interna desabou, senti-me desestruturado, fragmentado e fragilizado. Fiquei entre a loucura, a depressão e o suicídio.”

Mas, em meio à tormenta, Krishnamurti foi para a ele uma mão amiga que lhe indicou o verdadeiro caminho ; compreendeu, então, que era inútil toda aquela busca, pois a chave para o despertar estava dentro dele.


Acompanhemos um pouco essa sua trajetória rumo ao despertar:
 
Um dia, de súbito,  a compreensão chispou em minha mente como um raio de luz, um  verdadeiro insight. E foi então que compreendi que a chave estava lá. Sempre esteve lá, mas não sei por que não conseguia vê-la, como se estivesse velada, na escuridão da minha ignorância. Lembrei-me, então, de um episódio que aconteceu comigo, uma vez, no natal:  eu estava na casa de um amigo e, de repente, faltou energia. Ele começou a procurar angustiado pela chave da porta, pois eu precisava ir para casa. Acendeu uma vela e saiu procurando pela chave em todos os lugares e, depois de muita procura, percebeu que ela já estava na porta; ela nunca tinha saído do lugar mais óbvio: a fechadura.

Vamos pensar numa ilustração muito conhecida, mas que cabe bem, no que estamos tentando explicar. Imagine um peixe que, de repente, ouve falar em um Deus chamado Oceano. É dito que ele é tão imenso, vasto e profundo, que é considerado Infinito. Ora, o peixe decide então procurar por esse Deus. Não seria uma tolice? O peixe já vive e respira nele e por mais que ele queira ver a extensão do Oceano nunca o verá. Precisa apenas perceber que o Oceano já vive nele e que ele vive no Oceano. Precisa compreender que não há nada a se buscar, nem nenhum lugar para se ir . Para encontrá-lo, basta compreender o fato óbvio : que ele já faz parte dele. O Oceano é tudo no universo aquático do pequeno peixe: está  acima, abaixo, dentro e fora dele.

Estamos tão dominados pela idéia do "fazer" que não conseguimos aceitar outra forma de se conceber as coisas, a vida, o Universo. Mas, sendo bem objetivo, não seria isso uma tolice? Observe as coisas simples do dia-a-dia. Nada é feito por nós. A grama cresce independente de nós.  O movimento dos astros, a vida de nossas células, tudo, tudo... existe e se mantém, não graças a nós, mas INDEPENDENTE e APESAR de nós. Quando o homem faz ou realiza algo no mundo, na verdade ele foi apenas INSTRUMENTO da ação de forças superiores. Na verdade, ela não foi feita por ele, mas através dele.

Continuo vivendo, fazendo quase "tudo" que fazia antes, mas tudo sob uma  perspectiva de impessoalidade: não sou Eu quem faz ou deixa de fazer. Se a ação está lá, eu a observo. Se a sensação está lá, eu simplesmente a  observo. Se ela não está - nada muda- a observação continua. Há apenas a OBSERVAÇÃO sem o OBSERVADOR. Aquele centro  que julga, compara, deseja, comenta, nomeia, altera, critica, está - na maior parte do tempo - AUSENTE.

Assim  é a chave do despertar - está sempre aqui. Na verdade, como Buda inisinuou, não há nenhuma "chave secreta". Basta abrir os olhos, acender a luz e ver; "a distância entre nós e o 'despertar' é apenas a de um pensamento"- diz-nos o sábio Mooji

Ao compreender isso, parei de buscar. E então... surge a dimensão onde as palavras não entram e as definições são impotentes. A busca terminou, e se você me perguntar: você encontrou? Não posso lhe responder. Esta pergunta é errada, pois pressupõe um "Eu" buscador (EGO) e um "Objeto" de busca (DEUS) . Há um estado em que esta noção dualística desaparece totalmente. Não só isso, toda noção de tempo e busca, também. E o que resta? Só experimentando para saber. Minha vida continua normal - mas há um movimento diferente. Uma nova energia, um sabor diferente em tudo que faço, pratico, vejo ou sinto. 

LIBERTAR-NOS DAS ILUSÕES CAUSADORAS DO SOFRIMENTO PSICOLÓGICO foi, e continua sendo, o objetivo primordial  de  todos os Avatares, Yogues, Iluminados e sábios que viveram sobre esta terra !
Então, o que está esperando?
MEDITE!

3 comentários:

  1. Olá amigo José Sarques tudo bem? Foi uma honra ver minha trajetória espiritual no seu blog. Quero so informar ao amigo que eu refiz totalmente esse texto baseado na minha percepção de agora. Por gentileza dê uma olhada lá e pode repostar aqui. O link é : http://alsibar.blogspot.com/p/busca.html

    ResponderExcluir