sábado, 5 de setembro de 2015

Terapia e Meditação

Js.

Falo freqüentemente às pessoas sobre a importância da Meditação.  Mesmo quando vou a alguma consulta médica, reservo a parte final do atendimento para perguntar: “Doutor, o Senhor medita? E aproveito para oferecer algum texto que trata do assunto.

Os melhores investimentos que já fiz na vida foram a psicanálise e, depois, a meditação. Durante 10 anos, submeti-me à terapia; comecei em São Paulo e continuei aqui em Fortaleza. Foram cerca de 500 sessões, verdadeiros faróis acesos sobre o meu inconsciente, receptáculo de tudo o que foi reprimido na minha vida. O objetivo era trazer de volta à consciência o que vivia na clandestinidade. A conscientização cura nossas mentiras, nossos medos.

O exemplo mais notável nesse trabalho de conscientização foi dado pelo famoso psiquiatra Carl Gustavo Jung. Depois de muitos anos dedicados a essa árdua tarefa do autoconhecimento, ele declara em sua autobiografia “Memórias, Sonhos e Reflexões”: “Minha vida é a história de um inconsciente que se realizou”.

Investi bastante dinheiro no pagamento de minha terapia. Numa retrospectiva sobre todo esse tempo em que passei por uma verdadeira “cirurgia psíquica”, posso dizer que o saldo foi positivo, mas não resolveu todos os problemas, porque a terapia trabalha sobre o ego da pessoa, a fim de que ela possa viver e se ajustar à sociedade em que vive.

Mas meu anseio era ir mais longe. Queria encontrar a minha verdadeira identidade, a que nos é dada quando nascemos: “a natureza essencial da mente”, qual um diamante que trazemos ao virmos a este mundo. Infelizmente esse tesouro vai aos poucos se perdendo e vivemos sem tomar consciência de tão valioso presente que a Vida nos deu.

A Meditação pode ser considerada como o coroamento da terapia: ela vai bem mais longe. Aqui o investimento requerido não é de ordem financeira, mas um trabalho bem mais refinado, em que a mente é implacavelmente vigiada, livrando-nos dos condicionamentos e nos conduzindo ao nosso ser verdadeiro, livres das mentiras da mente.

Às pessoas muito ocupadas, eu daria a seguinte sugestão: reservem um pouco de tempo, 5 a 10 minutos por dia e tentem olhar para dentro de si. No começo, isso pode gerar um certo medo, pois vocês vão se deparar com pensamentos  e emoções desagradáveis. Mas não assumam uma atitude de luta, sejam apenas observadores do que emerge na sua mente. Aos poucos, a identificação vai perdendo força e se estabelecendo uma separação entre vocês e os pensamentos; a energia retirada da mente se transforma em consciência.

No momento em que a pessoa se torna capaz de perceber com clareza que ela não é os pensamentos, sendo estes tão somente memórias do passado registradas na  mente, essa pessoa deu um passo de imensa repercussão na sua vida: ela deixou o caminho da mecanicidade em que vivia e despertou para a realidade. Esse despertar requer tempo e obstinação, porque estivemos durante muito tempo em poder das emoções negativas e da identificação.

Mas eu lhes asseguro: vale a pena. Experimentem!

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