sábado, 14 de outubro de 2017

Psicologia do autoconhecimento

Plena Atenção é a atitude de estarmos despertos, bem  atentos ao momento que estamos vivendo; o que significa mantermo-nos vigilantes com relação a tudo o que pensamos ou fazemos.

As pessoas, habitualmente, não vivem seus atos no presente, mas vivem no passado ou no futuro. Parecendo fazer qualquer coisa aqui, nesse mesmo momento estão distantes nos seus pensamentos, perdidas nas lembranças do passado ou arrastadas por seus desejos e especulações sobre o futuro. Somos, portanto, criaturas do passado, produto de nossas emoções, experiências, registros do que foi. E, assim, não vemos o que é real, verdadeiro e novo.
  
Onde estará o que é real e verdadeiro? Decerto que estará aqui e agora, na nossa frente, mas não percebemos esta realidade, não temos a consciência dela.  A vida verdadeira é o momento presente e não as lembranças de um passado que passou, nem os sonhos de um futuro que ainda não chegou. Aquele que vive no momento presente vive a vida real e é o mais feliz dos seres.
  
Pela simples observação de como surgem e passam os pensamentos e as emoções, ganhamos tranquilidade e compreensão, isto é, sabedoria. Nossa mente evita ser observada porque está habituada a ficar solta, pulando de galho em galho, como um macaco na selva.
  
Na vida cotidiana, por exemplo, suponhamos que, por falta de plena atenção, estejamos coléricos, dominados pelo ódio. Resulta curioso e paradoxal que a pessoa colérica não tenha realmente consciência de que está colérica. Porém, no momento em que se torna consciente da presença desse estado em sua mente, começa a apaziguar-se.

Quanto mais contemplamos o surgir e o desaparecer dos pensamentos, mais conscientes nos tornamos de sua existência e de sua natureza específica. A influência dominadora que o pensamento exerce sobre nós torna-se cada vez mais fraca e de escravos de nossos pensamentos, passamos a ser senhores. Muitas coisas poderão ser compreendidas pela mente capaz de permanecer atenta por longo período de tempo. A consciência atingirá níveis mais elevados e a visão intuitiva desenvolvida nos possibilitará esclarecimentos, impossíveis de alcançar pela função intelectual costumeira.
 
O importante na meditação de Plena Atenção é desenvolver, em todos os momentos, a vigilância e consciência de nossas emoções, palavras e pensamentos. Pela maior capacidade de observação, a tranquilidade interior se desenvolve e a consciência mais lúcida torna o homem mais senhor de si. Isto é possível, mesmo para pessoas de muito trabalho e responsabilidade, que dizem não ter tempo para meditar. Observar e estar atento ao momento presente é meditação, seja na leitura de um livro, seja na realização das diferentes atividades diárias.

In:  Budismo: psicologia do autoconhecimento.
               George da Silva e Rita Homenko

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