sábado, 7 de junho de 2014

Santo Agostinho

Santo Agostinho
Santo Agostinho nasceu em Tagaste (hoje uma cidade da Argélia), no ano de 354. Fez seus estudos em Cartago e se transferiu depois para Roma e Milão. Foi em Milão que ocorreram os acontecimentos que iriam transformar a sua vida.

Passava ele, então, por uma profunda crise existencial. Como relata em “Confissões”, sua autobiografia: « Armou-se, então, no meu interior uma tempestade imensa, trazendo uma torrente de lágrimas”.

Enquanto vivenciava esse estado de angústia, Agostinho ouviu a voz de uma criança invisível a repetir as palavras : “Tolle, lege”; “tolle, lege” (“Toma e lê; toma e lê”).

Impressionado com aquela voz infantil, sempre a repetir a mesma canção, ergue-se e vai ao encontro de seu amigo Alípio para lhe relatar o que se passara.

Sobre a mesa da casa se encontrava o livro das Epístolas de São Paulo. Agostinho tomou o livro e o abriu a esmo e seus olhos caíram sobre estas palavras da Epístola aos Romanos: 

“Vai adiantada a noite e vem despontando o dia. Despojemo-nos, pois, das obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Vivamos honestamente, como em pleno dia; não em glutonerias e bebedeiras, não em volúpias e luxúrias, não em contendas e rivalidades – mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis satisfazer os desejos da carne”

Agostinho fechou o livro, profundamente abalado com o que acabara de ler. Aquelas palavras lhe tocaram no mais íntimo do coração, como uma resposta ao inferno de suas angústias

Foi nesse instante que desceu sobre a alma de Agostinho uma paz imensa, aquela mesma paz que conhecera São Paulo e que está muito além de toda compreensão humana.

Em “Solilóquios com Deus”, ele nos revela a transformação interior que, a partir de então, norteou toda a sua vida:

Assim foi que, conduzido por ti, meu Deus, entrei no meu interior e abri os olhos de minha alma – por mais turvos que eles fossem – e vi por cima de mim uma luz imutável, não uma luz comum, visível a todo ser carnal; não era dessa natureza a luz; era bem mais clara e sublime e tudo enchia com os seus fulgores – não era como as outras luzes. Era uma luz de natureza completamente diversa. Quem conhece a verdade conhece essa luz. E quem a conhece, conhece a eternidade. Também o amor conhece essa luz.

Enfim, Agostinho encontra em seu interior o que até então buscara nos prazeres do mundo:

“Quão tarde te amei, ó antiga e sempre nova Formosura – quão tarde te amei! Eis que tu estavas dentro do meu coração – eu, porém, andava fora, e lá fora te buscava. Tu estavas comigo, mas não estava contigo. E, então, me chamaste em altas vozes e rompeste a minha surdez”.

Mahabharata, um dos textos sagrados de maior importância no hinduísmo, traz a seguinte passagem que desperta nossa admiração. “E agora vou te  revelar o segredo dos segredos: em todo este mundo, não há nada de maior do que o homem”.

Santo Agostinho percebeu claramente essa grandeza do ser humano, ao afirmar:

“Os homens seguem-se maravilhados com as grandes alturas das montanhas, com as gigantescas ondas do mar, com as amplas corredeiras dos rios, os vastos limites dos oceanos, as trajetórias das estrelas, e passam por si próprios sem maravilhar-se.”

Durante 34 anos, Agostinho foi bispo de Hipona, cidade ao norte da África, e no dia 28 de agosto de 430, con 76 anos de idade, após ver sua cidade invadida pelos bárbaros, veio a falecer um dos maiores luzeiros do Cristianismo.


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