domingo, 6 de novembro de 2016

O Guerreiro

Victor Sanchez
O guerreiro é guerreiro porque está sempre na luta. Luta contra as próprias fraquezas e limitações. É uma luta pela liberdade, ciente de que esta começa dentro de cada um. É uma luta calada, suave e alegre. Qualquer coisa que se estiver fazendo, pode-se tentar fazê-la ao modo do guerreiro.
 
Pensar não é perceber. A substância do ego são os pensamentos. É por isso que parar o diálogo interno é, também, uma das portas para sair do ego.

As pessoas comuns percebem tão pouco que não fazem a diferença entre percepção e pensamento. Projetam seus pensamentos sobre a realidade exterior, substituindo a realidade pelo que pensam. O pensamento oriental se refere à realidade ordinária como “maya” (ilusão), como um véu que é preciso descerrar para ver a realidade.

A suspensão do pensamento é a porta aberta da percepção. O homem que não percebe está sempre lutando para lidar com uma realidade imaginária e recebe as conseqüências da inconseqüência entre o que pensa e o que é. Quem percebe pode verdadeiramente agir sobre a realidade e leva uma grande vantagem sobre seus semelhantes. Essa possibilidade, aberta para todos os seres humanos, de rasgar o véu dos pensamentos para debruçar-se sobre o mundo real, é poder e é liberdade. 

Quando o palavrório interno cessa, o mundo também tende a cessar de ser e parecer bem do jeito que nos dizíamos que era. E o mesmo acontece com a nossa própria pessoa.  Aí, então, matizes da realidade, que considerávamos estranho e impossível, tornam-se acessíveis, e essa é a outra  face da liberdade. Ela alude à nossa herança mágica, à possibilidade de mudar de um mundo que não escolhemos, para penetrarmos num mundo onde, o que antes eram apenas sonhos, agora pode realizar-se.

Extraído de  “Os Ensinamentos de Don Juan” -  Victor Sanchez

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