sábado, 15 de outubro de 2016

A Voz do Silêncio

H.P. Blavatsky

Ajuda a Natureza e coopera com ela, e ante ti ela abrirá, de par em par, os portais de suas câmaras secretas e desvendará ante tua vista os tesouros escondidos no mais profundo do seu seio puro e virgem. Não maculada pela mão da matéria, ela mostra seus tesouros tão só ao olho do Espírito – o olho que nunca se fecha, o olho para o qual não há véu algum em todos os seus reinos.

Silencia os teus pensamentos e fixa toda a tua atenção em teu Mestre, que ainda não vês, mas já sentes.

A mente é o grande assassino do Real. Que o discípulo mate o assassino. Mata em ti toda a memória de experiências passadas. Não olhes para trás ou estarás perdido. Longo e penoso é o caminho diante de ti, ó discípulo. Um simples pensamento sobre o passado que deixaste atrás te arrastará para baixo, e terás que começar de novo a subida.

Sê limpo de coração antes de empreenderes a viagem. Antes de dar o primeiro passo, aprende a discernir o real do falso, o fugaz do permanente. Aprende, sobretudo, a separar a erudição da cabeça, da Sabedoria da Alma. Mesmo a ignorância é preferível à erudição da cabeça sem a Sabedoria da Alma, para iluminar e guiar.

Evita o elogio, pois eles conduzem à auto-ilusão. Teu corpo não é o eu. Teu Eu em si é sem corpo, e não o afetam elogios nem censuras.

Sê humilde, se queres adquirir a Sabedoria. Sê mais humilde, ainda, quando houveres te assenhoreado da Sabedoria.

Quanto mais avançares, mais armadilhas teus pés encontrarão. A senda do progresso é iluminada por uma única chama: a chama da audácia ardente no coração. Quanto mais se ousar, mais se obterá. Quanto mais se temer, mais essa luz empalidecerá, – e só ela pode guiar.

Quando houveres chegado a este estado, os Portais que tens de conquistar na Senda se abrirão, de par em par, para deixar-te passar e nenhuma resistência terão para deter teu curso os poderes mais fortes da Natureza.

Sabe, ó Vencedor dos pecados, que tão logo o Swami tenha cruzado a sétima Senda, toda a Natureza vibra de reverente alegria e se faz submissa. A argêntea estrela cintila a boa nova às flores noturnas; o riacho sussurra a lenda aos calhaus; as escuras ondas do oceano a bramam aos rochedos envoltos de espumas; brisas impregnadas de aromas a cantam aos vales e altivos pinheiros murmuram misteriosamente: “Surgiu um Mestre, um Mestre Do Dia”.

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