sábado, 1 de outubro de 2016

O Fim do Sofrimento

Js.
"Prestai atenção a isto: quando olhais uma árvore, nunca o fazeis a não ser com a imagem que tendes dessa árvore. Nunca a olhais sem a imagem, sem pensamento, nunca a olhais simplesmente. E tenho certeza de que nunca olhastes vossa esposa ou marido dessa maneira, isto é, sem a imagem que tendes a respeito dela ou dele.

E quando olhais para a nuvem, para a ave, para a luz refletida na água, sem a imagem, estais então diretamente em contato com a coisa, não há espaço entre vós e a coisa que estais observando. Fazei-o uma vez e vereis o que acontece. O intervalo de tempo entre o observador e a coisa observada, a distância, o espaço, tudo passa por uma extraordinária mudança.

Da mesma maneira olhai o sofrimento, sem tratar de evitá-lo; ponde-vos inteiramente em contato com ele. E com ele só estareis em contato se lhe dispensardes toda a atenção e cuidado. E só podeis dispensar-lhe toda a atenção se vossa  mente estiver quieta.

Ao perceberdes este fato com o máximo de clareza – não como idéia, mas como uma coisa que apalpais, tocais, vedes – notareis que o medo, bem como o sofrimento chega ao seu fim, quando entrais em contato direto com ele."
(Krishnamurti)

Este texto de Krishnamurti me fez lembrar um fato que antecedeu à morte do Pe. Assis Portela. Ao ser visitado por uma pessoa da família, algumas horas antes de falecer, ele abriu os olhos e levantou o dedo polegar. O Pe. Assis estava em contato com a vizinhança da morte. E essa realidade, que tanto nos apavora, ao ser abordada assim, sem imagem, sem pensamento, sem resistência, passa por uma transformação radical, tão bem expressa por aquele dedo polegar levantado.

A mesma transformação, também, pode se operar em nossas experiências diárias, quando delas nos aproximamos com a mente silenciosa, em que não há espaço para pensamentos e imagens, esses remanescentes do passado, que turvam a percepção da realidade presente.

Em cada uma dessas experiências assim vividas, quaisquer que sejam elas, deveríamos também levantar o dedo polegar, como sinal de que o medo, bem como o sofrimento chegou ao seu fim.

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