sábado, 20 de janeiro de 2018

Uma experiência divina

Wayne Dyer
Wayne Dyer é um dos homens extraordinários com quem convivo, através de minhas leituras. Doutor em Psicologia, escreveu dezenas de livros, considerados best-sellers pelo New York Times. Eram livros sobre os mais variados temas no campo da psicologia. Mas Wayne sentia que estava lhe faltando algo de essencial. Marcado por um passado de abandono, tendo vivido em um orfanato por vários anos, buscou no álcool e nas drogas compensações para sua carência interior. Mas algo lhe dizia que sua vida precisava mudar. Passou a ler livros de mestres de sabedoria, como Krishnamurti, Muktananda e iniciou uma prática de meditação. Foi quando ele teve uma experiência, “um instante sagrado”, que lhe fez abandonar a ambição do lucro com a venda dos seus livros e dar início  a uma nova vida. Já publicou vários livros, tentando nos mostrar o real sentido da existência. Entre outros, destaco aqui os seguintes: "Seu Eu Sagrado", "Novas ideias para uma vida melhor" e "Crer para Ver".

Uma Experiência Divina
 
Em diferentes épocas do meu passado, tanto o álcool como outras substâncias desempenharam um papel na trilha de minha vida. Por meio da meditação, consegui deixar o álcool, e nunca mais toquei nele desde então. Já no caso das outras substâncias, eu as utilizava para usufruir de um acréscimo de energia e depois interrompia o uso durante longos períodos. Percebi, porém, que estava recorrendo mais frequentemente a essa fonte de energia externa.

Livrar-me desse vício virou o meu desafio pessoal. Tentei expulsá-lo do meu jeito, mas voltei. Tentei acupuntura, conversas com especialistas e curas pela fitoterapia. Mas voltei. Resolvi não mais brincar com essa substância. Mas voltei. Então, tive o que chamo um "instante sagrado", que foi para mim uma experiência divina.

Às 4h05 de uma madrugada de janeiro, eu meditava. Na quietude, na calma daquela meditação, o pensamento de nunca mais usar a substância tornou-se real. Foi a minha primeira experiência de Deus absolutamente imediata. Fiquei de “coração aberto”, como fala Lao-tsé.

Toda a minha tela consciente interior virou luminescência brilhante e ouvi uma voz a dizer: “Já tentaste tudo, por que não tentar comigo?” Nunca na minha vida conheci tal paz e certeza de que Deus estava em mim e ao meu redor. Senti-me dominado pela beatitude que estava a experimentar.

Pensei que talvez estivesse morrendo naquele momento e não me importei, porque a beatitude envolvia-me completamente. Pude ver meu corpo a certa distância, como algumas pessoas descreveram nas experiências próximas da morte.

Então vi uma janela que era a coisa mais clara que eu já vira. Era como se alguém tivesse limpado o vidro com uma poção mágica, que me permitia enxergar milhares e milhares de quilômetros na eternidade.

Nunca estivera tão seguro de nada na minha vida como naquela manhã. Senti que compreendia de verdade o significado de “Tendo o coração aberto, agirás com nobreza. Sendo nobre, atingirás o divino.” Soube que o meu desejo de apelar para algo exterior a mim ia desaparecer da minha vida. Nenhuma substância me deixara “alto” desse jeito.

Escutei aquela voz, senti a presença de Deus e desde então jamais experimentei o mais ligeiro desejo de recair no uso de qualquer substância. Isso foi o que trouxe comigo, vindo do silêncio interior.

A capacidade de libertar-me de um vício insidioso veio a mim depois que eu encerrara todo o diálogo e abandonara todos os demais métodos para expelir aquele monstro maligno da minha vida. É por isso que posso escrever com convicção e afirmar que a paz interior não é a única conquista que você terá ao encerrar o diálogo interior. Talvez seja mais significativo o que você traz dessa experiência.

Tenho debatido comigo a conveniência de incluir essa história pessoal neste livro. Isto é, o meu ego debateu com meu Eu superior. Foi por meu Eu superior – enquanto experimentava o meu divino instante sagrado, sentindo a beatitude de Deus como parte de mim - que eu soube. Soube que a minha experiência de envolvimento com substâncias químicas também envolvia a ajuda a outras pessoas, para que olhassem para dentro de si mesmas, ao invés de olharem para fora, à procura tanto da excitação quanto da paz que o Eu superior tem para lhes dar.

Milhões de pessoas estão brincando com fogo ao mexerem com essas substâncias, cuja incidência apresenta recordes estatísticos, ameaçando nossas crianças e o tecido da vida. Elas nos roubam nossa essência espiritual e “comem nossos ossos”. Se, ao ler minha história, uma só pessoa que estiver experimentando qualquer substância e souber que isso está fora do seu controle decidir encerrar o seu tumulto interior e procurar a ajuda da sua presença amorosa, então terá valido a pena.

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